Leia a tira e responda as questões
Interpretação de texto
a) Nessa tira de Laerte a graça é produzida por um deslizamento de sentido. Qual é ele?
b) Descreva esse deslizamento quadro a quadro, mostrando a relação das imagens com o que é dito.
1-(UNESP)-Leia:
Sair a campo atrás de descobridores de espécies é uma expedição arriscada. Se você não é da área, vale treinar um “biologuês” de turista. Mas, mesmo quem não tem nada a ver com o pato-mergulhão ou a morfologia da semente da laurácea, pode voltar fascinado da aproximação com esses especialistas. De olhos nos livros e pés no mato, eles etiquetam a natureza, num trabalho de formiga. São minoria que dá nome aos bois - e a plantas, aves, mosquitos, vermes e outros bichos.
Heloisa Helvécia, Revista da Folha.
a) Transcreva do texto as expressões que mais diretamente exemplificam o “biologuês” mencionado pela autora.
b) Tomada em seu sentido figurado, como se deve entender a expressão “dar nome aos bois”, utilizada no texto?
2-(UNICAMP) A comunidade do Orkut “Eu tenho medo do Mesmo” foi criada em função do aviso bastante conhecido dos usuários de elevadores: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”.
a) Explique o que torna possível o jogo de palavras “Mesmo, o maníaco dos elevadores” usado pelos membros dessa comunidade.
b) Reescreva o aviso de forma que essa leitura não seja mais possível.
Exercícios- Estrutura das palavras
01. Assinale a opção em que nem todas as palavras possuem o mesmo radical:
a) noite, anoitecer, noitada;
b) luz, luzeiro, alumiar;
c) incrível, crente, crer;
d) festa, festeiro, festejar;
e) riqueza, ricaço, enriquecer.
02. A série em que os vocábulos enumerados se relacionam porque provêm da mesma raiz é:
a) florescer, flandres, florear;
b) pousada, aposentado, cômodo;
c) reger; regulamento; regra;
d) corte; percurso; correr;
e) angústia; ângulo; anjo.
03. Assinale oca única opção em que ocorre variante
do radical:
a) dizer, dizes, dizia;
b) faço, fazes, façamos;
c) amaria, amavas, amou;
d) quero, queres, querias;
e) vência, venceste, vence.
04. Assinale a opção em que há erro na identificação do elemento mórfico grifado:
a) compostas: desinência de feminino;
b) quadrar: radical;
c) adotei vogal temática;
d) pareceram: vogal temática;
e) influência: desinência de feminino.
05. Vocábulo onde existe desinência de gênero:
a) segredo;
b) curiosidade;
c) força;
d) verbo;
e) alheia.
Cecília Meireles - Modernismo
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles
Questões:
1- Em várias passagens desse poema, há repetição de palavras. Que efeitos a repetição dessas palavras causa no poema?
2- O "Retrato que o eu lírico faz de si diante do espelho é apenas físico? Justifique sua resposta com elementos do texto.
3-A que mudança o eu lírico se refere na última estrofe do texto? Por que essa mudança foi considerada tão simples, tão fácil,tão certa?
4- Faça uma pesquisa e aponte quais são as principais características da obra de Cecília Meireles. Encontre algumas dessas características no poema lido.
Observação: Copie esta atividade e poste no seu Blog (com respostas)
Retrocesso ( Luis Fernando Veríssimo) leia atentamente e responda
“O visitante acompanhou, fascinado, uma aula como ela seria num futuro em que o computador tivesse substituído o professor”
Retrocesso
O visitante estranhou porque, quando o levaram para conhecer a sala de aula do futuro, não havia uma professora-robô, mas duas. A única diferença entre as duas era que uma era feita totalmente de plástico e fibra de vidro — fora, claro, a tela do seu visor e seus componentes eletrônicos —, e a outra era acolchoada. Uma falava com as crianças com sua voz metálica e mostrava figuras, números e cenas coloridas no seu visor, e a outra ficava quieta num canto. Uma comandava a sala, tinha resposta para tudo e centralizava toda a atenção dos alunos, que pareciam conviver muito bem com a sua presença dinâmica, a outra dava a impressão de estar esquecida ali, como uma experiência errada.
O visitante acompanhou, fascinado, uma aula como ela seria num futuro em que o computador tivesse substituído o professor. O entendimento entre a máquina e as crianças era perfeito. A máquina falava com clareza e estava programada de acordo com métodos pedagógicos cientificamente testados durante anos. Quando não entendiam qualquer coisa as crianças sabiam exatamente que botões apertar para que a professora-robô repetisse a lição ou, em rápidos segundos, a reformulasse, para melhor compreensão. (As crianças do futuro já nascerão sabendo que botões apertar.)
— Fantástico! — comentou o visitante.
— Não é? — concordou o técnico, sorrindo com satisfação.
Foi quando uma das crianças, errando o botão, prendeu o dedo no teclado da professora-robô. Nada grave. O teclado tinha sido cientificamente preparado para não oferecer qualquer risco aos dedos infantis. Mesmo assim, doeu, e a criança começou a chorar. Ao captar o som do choro nos seus sensores, a professora-robô desligou-se automaticamente. Exatamente ao mesmo tempo, o outro robô acendeu-se automaticamente. Dirigiu-se para a criança que chorava e a pegou no colo com os braços de imitação, embalando-a no seu colo acolchoado e dizendo palavras de carinho e conforto numa voz parecida com a do outro robô, só que bem menos metálica. Passada a crise, a criança, consolada e restabelecida, foi colocada no chão e retomou seu lugar entre as outras. A segunda professora-robô voltou para o seu canto e se desligou enquanto a primeira voltou à vida e à aula.
— Fantástico! — repetiu o visitante.
— Não é? — concordou o técnico, ainda mais satisfeito.
— Mas me diga uma coisa... — começou a dizer o visitante.
— Sim?
— Se entendi bem, o segundo robô só existe para fazer a parte mais, digamos, maternal do trabalho pedagógico, enquanto o primeiro faz a parte técnica.
— Exatamente.
— Não seria mais prático — sugeriu o visitante — reunir as duas funções num mesmo robô?
Imediatamente o visitante viu que tinha dito uma bobagem. O técnico sorriu com condescendência.
— Isso — explicou — seria um retrocesso.
— Por quê?
— Estaríamos de volta ao ser humano.
E o técnico sacudiu a cabeça, desanimado. Decididamente, o visitante não entendia de futuro.
Luís Fernando Veríssirno. In Nova Escola. São Paulo. Abril, out. 1990. p. 19.
Explorando o texto:
Responda de acordo com o texto:
a. Quais as características das professoras descritas no texto?
b. Segundo o autor do texto, como seria a aula do futuro?
c. Na aula do futuro, como agiriam os alunos quando tivessem alguma dúvida?
d. O que aconteceu quando a criança machucou-se no teclado?
e. Na sua opinião, qual a razão de ter duas professoras-robô para atender aos alunos?
f. A professora de plástico e fibra de vidro satisfazia que tipo de necessidade das crianças? Por quê?
g. Qual era a função da professora acolchoada?
h. Na sua opinião, por que seria um retrocesso reunir todas as funções da professora numa máquina apenas?
1. Na sua opinião, a professora-robô é diferente das professoras que você conhece? Por quê?
Retrocesso
O visitante estranhou porque, quando o levaram para conhecer a sala de aula do futuro, não havia uma professora-robô, mas duas. A única diferença entre as duas era que uma era feita totalmente de plástico e fibra de vidro — fora, claro, a tela do seu visor e seus componentes eletrônicos —, e a outra era acolchoada. Uma falava com as crianças com sua voz metálica e mostrava figuras, números e cenas coloridas no seu visor, e a outra ficava quieta num canto. Uma comandava a sala, tinha resposta para tudo e centralizava toda a atenção dos alunos, que pareciam conviver muito bem com a sua presença dinâmica, a outra dava a impressão de estar esquecida ali, como uma experiência errada.
O visitante acompanhou, fascinado, uma aula como ela seria num futuro em que o computador tivesse substituído o professor. O entendimento entre a máquina e as crianças era perfeito. A máquina falava com clareza e estava programada de acordo com métodos pedagógicos cientificamente testados durante anos. Quando não entendiam qualquer coisa as crianças sabiam exatamente que botões apertar para que a professora-robô repetisse a lição ou, em rápidos segundos, a reformulasse, para melhor compreensão. (As crianças do futuro já nascerão sabendo que botões apertar.)
— Fantástico! — comentou o visitante.
— Não é? — concordou o técnico, sorrindo com satisfação.
Foi quando uma das crianças, errando o botão, prendeu o dedo no teclado da professora-robô. Nada grave. O teclado tinha sido cientificamente preparado para não oferecer qualquer risco aos dedos infantis. Mesmo assim, doeu, e a criança começou a chorar. Ao captar o som do choro nos seus sensores, a professora-robô desligou-se automaticamente. Exatamente ao mesmo tempo, o outro robô acendeu-se automaticamente. Dirigiu-se para a criança que chorava e a pegou no colo com os braços de imitação, embalando-a no seu colo acolchoado e dizendo palavras de carinho e conforto numa voz parecida com a do outro robô, só que bem menos metálica. Passada a crise, a criança, consolada e restabelecida, foi colocada no chão e retomou seu lugar entre as outras. A segunda professora-robô voltou para o seu canto e se desligou enquanto a primeira voltou à vida e à aula.
— Fantástico! — repetiu o visitante.
— Não é? — concordou o técnico, ainda mais satisfeito.
— Mas me diga uma coisa... — começou a dizer o visitante.
— Sim?
— Se entendi bem, o segundo robô só existe para fazer a parte mais, digamos, maternal do trabalho pedagógico, enquanto o primeiro faz a parte técnica.
— Exatamente.
— Não seria mais prático — sugeriu o visitante — reunir as duas funções num mesmo robô?
Imediatamente o visitante viu que tinha dito uma bobagem. O técnico sorriu com condescendência.
— Isso — explicou — seria um retrocesso.
— Por quê?
— Estaríamos de volta ao ser humano.
E o técnico sacudiu a cabeça, desanimado. Decididamente, o visitante não entendia de futuro.
Luís Fernando Veríssirno. In Nova Escola. São Paulo. Abril, out. 1990. p. 19.
Explorando o texto:
Responda de acordo com o texto:
a. Quais as características das professoras descritas no texto?
b. Segundo o autor do texto, como seria a aula do futuro?
c. Na aula do futuro, como agiriam os alunos quando tivessem alguma dúvida?
d. O que aconteceu quando a criança machucou-se no teclado?
e. Na sua opinião, qual a razão de ter duas professoras-robô para atender aos alunos?
f. A professora de plástico e fibra de vidro satisfazia que tipo de necessidade das crianças? Por quê?
g. Qual era a função da professora acolchoada?
h. Na sua opinião, por que seria um retrocesso reunir todas as funções da professora numa máquina apenas?
1. Na sua opinião, a professora-robô é diferente das professoras que você conhece? Por quê?
Dicas para uma Boa Redação - Enem
Olá!...
Assistam esse vídeo. São dicas básicas, porém importantíssimas para desenvolver sua redação.
Assistam esse vídeo. São dicas básicas, porém importantíssimas para desenvolver sua redação.
Testes- Interpretação e Inferência
Preparando-se para a Prova Brasil!
Crie um documento com os testes abaixo e após resolvê-los, poste-os em seu Blog
BOM TRABALHO!
As questões 01 e 02 estão baseadas no seguinte texto:
O peso original volta depois das dietas
01 O corpo humano, mesmo submetido
02 ao sacrifício de uma dieta alimentar
03 rígida, tem tendência a voltar ao peso
04 inicial determinado por um equilíbrio
05 interno, segundo recente estudo reali-
06 zado por cientistas norte-americanos.
07 Depois do aumento de alguns quilos
08 supérfluos, o metabolismo buscará
09 eliminar o peso excessivo.
10 O corpo dispõe de um equilíbrio que
11 tenta manter seu peso em um nível
12 constante, que varia em função de
13 cada indivíduo. O estudo sugere que
14 conservar o peso do corpo é um fenô-
15 meno biológico, não apenas uma ati-
16 vidade voluntária. O corpo ajusta seu
17 metabolismo em resposta a aumentos
18 ou perdas de peso. Dessa forma,
19 depois de cada dieta restrita, o metabo-
20 lismo queimará menos calorias do que
21 antes. Uma pessoa que perdeu recente-
22 mente pouco peso vai consumir menos
23 calorias que uma pessoa do mesmo
24 peso que sempre foi magra. A pesquisa
25 conclui que emagrecer não é impossí-
26 vel, mas muito difícil e requer o consu-
27 mo do número exato de calorias quei-
28 madas. Ou seja, uma alimentação mo-
29 derada e uma atividade física estável a
30 longo prazo.
(Zero Hora, encarte VIDA, 06/05/1995)
Questão 01. Segundo o texto, é correto afirmar:
A) Uma dieta alimentar rígida determina o equilíbrio interno do peso corpóreo.
B) O equilíbrio interno é um fenômeno biológico.
C) Conservar o peso não depende somente da vontade individual.
D) O ajuste de peso significa queima de calorias.
E) O número exato de calorias queimadas vincula-se a uma dieta.
Questão 02. Das opções abaixo, todas podem substituir, sem prejuízo, a palavra rígida (l. 03), menos:
A) rigorosa
B) austera
C) severa
D) íntegra
E) séria
As questões 03, 04 e 05 estão baseadas no seguinte texto:
01 Lá pela metade do século 21, já não
02 haverá superpopulação humana, como
03 hoje. Os governos de todo o mundo -
04 presumivelmente, todos democráticos -
05 poderão incentivar as pessoas à reprodu-
06 ção. E será melhor que o façam com as
07 melhores pessoas. A eugenia humana -
08 isto é, a escolha dos melhores exemplares
09 para a reprodução, de modo a aprimorar a
10 média da espécie, como já se fez com ca-
11 valos - encontrará o período ideal para
12 sair da prancheta dos cientistas para a vi-
13 da real. Pessoas selecionadas por suas
14 características genéticas serão emprega-
15 das do estado. O funcionalismo público te-
16 rá uma nova categoria: a dos reprodutores.
17 Este exercício de futurologia foi apresen-
18 tado seriamente pelo professor do Institu-
19 to de Biociências da USP Osvaldo Frota-
20 Pessoa, em palestra no colóquio Brasil-Ale-
21 manha - Ética e Genética, quarta-feira à
22 noite. [...] Nas conferências de segunda e
23 terça, a eugenia foi citada como um perigo
24 das novas tecnologias, uma idéia que não
25 é cientificamente - e muito menos etica-
26 mente - defensável.
(TEIXEIRA, Jerônimo. Brasileiro apresenta a visão do horror. Zero Hora, 6.10.95, p. 2º Caderno)
Questão 03. Considere as seguintes afirmações sobre a posição do autor com relação ao assunto de que trata o texto.
I. O autor do texto é favorável à eugenia como solução para a futura queda no crescimento demográfico, como indica o primeiro parágrafo.
II. O autor trata as idéias do professor Osvaldo Frota-Pessoa com certa ironia, como demonstra o uso da palavra seriamente na linha 18.
III. Ao relatar posições contraditórias por parte dos cientistas com relação à eugenia humana, o autor revela que esta é uma concepção controversa.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.
Questão 04. Assinale a alternativa que está de acordo com o texto.
(A) Segundo lemos na primeira frase do texto, vivemos num mundo em que o número de pessoas é considerado excessivo.
(B) Como se conclui da leitura do primeiro parágrafo, a escolha dos melhores seres humanos para a reprodução, através da eugenia, causará uma queda na população mundial.
(C) A partir da leitura do segundo parágrafo do texto, concluímos que a especialidade do professor Frota-Pessoa é a futurologia.
(D) De acordo com o significado global do último parágrafo, o maior perigo das novas tecnologias é a ética.
(E) A eugenia humana, ao tornar os reprodutores candidatos a funcionários públicos, constituirá uma oportunidade de trabalho apenas para homens.
Questão 05. Considere as seguintes afirmações sobre a eugenia humana:
I. O uso restritivo da palavra humana (linha 07), no texto, indica que a palavra eugenia (linha 07) não se refere apenas à reprodução humana, mas à reprodução de qualquer espécie.
II. Pelos princípios expostos no texto, o vigor físico e a inteligência serão os critérios de eugenia a partir dos quais será feita a seleção dos melhores exemplares.
III. Conforme o texto, a eugenia humana já existe na forma de projeto científico.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e III.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III
Tema: Violência urbana... Enem 3º ANO
Confira os dados que cooperam com o aumento da violência urbana...
1. Leandro Pereira, ex-diretor do presídio de Araraquara: suspeito de facilitar a fuga de criminosos
2. Apreensão de drogas: Brasil está cada vez mais perto dos padrões colombianos de violência
3. O traficante Fernandinho Beira-Mar: foragido desde 1997
4. A jornalista baiana Maristela: morta com um tiro na testa
5. Rebelião na Febem: superlotação e fugas em massa
6. O menor "Batoré": quinze assassinatos
7. Arsenal recolhido pela polícia: mercado negro de armas abastece os bandidos
8. Equipe de seguranças particulares: efetivo já é maior que o da força policial
"Os estudos sobre segurança pública mostram que, antes de atacarem uma vítima, os criminosos fazem um cálculo próprio dos investidores do mercado financeiro. "Eles analisam a relação custo-benefício da operação", afirma o coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo José Vicente da Silva Filho, um dos maiores estudiosos brasileiros de temas ligados à criminalidade. "Se o risco de ser preso for alto, o bandido pensa duas vezes antes de agir. Quando o risco é baixo, a audácia e a violência aumentam." Essa conta é mundial. No Brasil, as operações têm sido altamente lucrativas. Os ataques dos marginais, se nem sempre rendem um dinheiro garantido, ocorrem num ambiente em que a probabilidade de prisão chega a ser risível. A hipótese de punição é reduzida até mesmo para aqueles criminosos que, durante o assalto, puxam o gatilho e matam. Os estudiosos dividem-se quando são chamados a listar as causas do crime. Conforme a corrente de pensamento a que se filia o analista, as justificativas de cunho social, como a miséria, o desemprego e a falta de perspectivas, têm maior ou menor peso. Mas todos são unânimes em dizer que a sensação de impunidade que tomou conta dos criminosos é a maior responsável pela escalada de crimes nas grandes cidades.
Violência Urbana- Ler para dissertar...
Violência urbana confina brasileiros em 'prisões' domiciliares
28/07/2008
A violência urbana mudou, infelizmente talvez para sempre, o comportamento do cidadão, a vida nas grandes cidades e as histórias do cotidiano. A violência assusta, constrange e confina moradores em suas casas. É a rotina do isolamento. Muitas vezes, a sensação é de que estamos nós todos numa prisão.
São milhões de reais gastos para garantir a segurança que o poder público não entrega. Já inventaram até a portaria-gaiola. Tem também a garagem-gaiola, em que o motorista fica preso antes de entrar em casa.
Com medo da violência, os brasileiros se isolam cada vez mais, mudando a arquitetura das cidades. O mercado da segurança cresce duas a três vezes mais do que a economia do país. Mesmo assim, a sensação de medo não vai embora.
A paisagem do Cristo Redentor suaviza qualquer cenário, mas não esconde o medo do carioca. Os moradores se cercam de segurança.
“A gente vive em pânico. Na minha casa, tem câmera e tem porteiro. Estamos pensando em botar grade. É um inferno”, conta uma senhora.
“A gente procura preencher uma lacuna que o poder público deixou, que é a segurança das pessoas”, acredita um senhor.
Isolados até o teto em São Paulo, com muros altos, grades e cerca elétrica, casas e condomínios são transformados em fortalezas.
“Em alguns lugares, você pode até, dependendo da época do ano, quando você passa e se as pinturas estão um pouco esmaecidas, você vê as camadas arqueológicas do medo com os diferentes níveis de muro. Começou com o muro baixinho e foi subindo, subindo e subindo”, compara a especialista em segurança Nancy Cardia.
Nem os mortos têm sossego. Muros foram erguidos e arame farpado para afastar os ladrões de túmulo. Pobres ou ricos, todos se protegem. Em um prédio de São Paulo, nunca houve um assalto, e os moradores querem que continue assim. Além de câmeras e portões de ferro, eles blindaram a portaria das janelas às paredes. As portas de vidro só funcionam por controle eletrônico. A entrega de encomendas é feita por uma abertura.
Muitos prédios em São Paulo implantaram a portaria-gaiola. A pessoa abre um portão, fica presa num espaço bem pequeno e só depois que fecha o primeiro portão é que, com a autorização do porteiro, é que ela consegue, finalmente, entrar no prédio.
“Parece que a gente está condenado sem ter feito nada. A gente está cumprindo uma pena de prisão. É muito ruim. Se é ruim para os adultos, é péssimo principalmente para as crianças, porque elas já nascem atrás de grades”, afirma Marco Antônio Castello Branco, presidente da Sociedade Amigos do Itaim.
“Hoje, com os muros, as pessoas não sabem quem mora ao lado. Isso é uma perda. Uma perda de qualidade de vida em sociedade”, acrescenta a especialista em segurança Nancy Cardia.
A forma como o medo modificou a arquitetura das cidades virou tema de exposição. Vivendo em gaiolas como bichos, paisagens que lembram prisões, trabalhando atrás de grades como em jaulas – essa é a visão do baiano André Gardenberg de como a violência faz reféns. Além de Rio e São Paulo, ele também fotografou Recife e Salvador.
“Eu acho que as pessoas acabam se acostumando e, de certa forma, elas acabam criando mecanismos para que essa convivência seja mais confortável, se é que isso é possível”, avalia o fotografo André Gardenberg.
a exposição sobre o medo nas grandes cidades deveria retratar outras capitais, mas os profissionais que retratavam a violência urbana tinham parado de fotografar. Eles foram assaltados enquanto trabalhavam. Tiveram o equipamento roubado e passaram a temer pela própria vida.
Macacos Me Mordam- Comunicação
Macacos me mordam
(Fernando Sabino)
Morador de uma cidade do interior de Minas me deu conhecimento do fato: diz ele que há tempos um cientista local passou telegrama para outro cientista, amigo seu, residente em Manaus:
“Obsequio providenciar remessa 1 ou 2 macacos”.
Necessitava ele de fazer algumas inoculações em macaco, animal difícil de ser encontrado na localidade. Um belo dia, já esquecido da encomenda, recebeu resposta:
“Providenciada remessa 600 restante seguirá oportunamente”.
Não entendeu bem: o amigo lhe arranjara apenas um macaco, por seiscentos cruzeiros? Ficou aguardando, e só foi entender quando o chefe da estação veio comunicar-lhe:
– Professor, chegou sua encomenda. Aqui esta o conhecimento para o senhor assinar. Foi preciso trem especial.
E acrescentou:
– É macaco que não acaba mais!
Ficou aterrado: o telégrafo errara ao transmitir “1 ou 2 macacos”, transmitira “1002 macacos”! E na estação, para começar, nada menos que seiscentos macacos engaiolados aguardavam desembaraço. Telegrafou imediatamente ao amigo:
“Pelo amor Santa Maria Virgem suspenda remessa restante”.
Ia para a estação, mas a população local, surpreendida pelo acontecimento, já se concentrava ali, curiosa, entusiasmada, apreensiva:
– O que será que o professor pretende com tanto macaco?
E a macacada, impaciente e faminta, aguardava destino, empilhada em gaiolas na plataforma da estação, divertindo a todos com suas macaquices. O professor não teve coragem de aproximar-se: fugiu correndo, foi se esconder no fundo de sua casa. A noite, porém, o agente da estação veio desentocá-la:
– Professor, pelo amor de Deus, vem dar um jeito naquilo.
O professor pediu tempo para pensar. O homem coçava a cabeça, perplexo:
– Professor, nós todos temos muita estima e muito respeito pelo senhor, mas tenha paciência: se o senhor não der um jeito eu vou mandar trazer a macacada para sua casa.
– Para minha casa? Você está maluco?
O impasse prolongou-se ao longo de todo o dia seguinte. Na cidade não se comentava outra coisa, e os ditos espirituosos circulavam:
– Macacos me mordam!
– Macaco, olha o teu rabo.
A noite, como o professor não se mexesse, o chefe da estação convocou as pessoas gradas do lugar: o prefeito, o delegado, o juiz.
– Mandar de volta por conta da prefeitura?
– A prefeitura não tem dinheiro para gastar com macacos.
– O professor muito menos.
– Já estão famintos, não sei o que fazer.
– Matar? Mas isso seria uma carnificina!
– Nada disso – ponderou o delegado: – Dizem que macaco guisado é um bom prato...
Ao fim do segundo dia, o agente da estação, por conta própria, não tendo outra alternativa, apelou para o último recurso – o trágico, o espantoso recurso da pátria em perigo: soltar os macacos. E como os habitantes de Leide durante o cerco espanhol, soltando os diques do mar do Norte para salvar a honra da Holanda, mandou soltar os macacos. E os macacos foram soltos! E o mar do Norte, alegre e sinistro, saltou para a terra com a braveza dos touros que saltam para a arena quando se lhes abre o curral – ou como macacos saltam para a cidade quando se lhes abre a gaiola. Porque a macacada, alegre e sinistra, imediatamente invadiu a cidade em panico. Naquela noite ninguém teve sossego. Quando a mocinha distraída se despia para dormir, um macaco estendeu o braço da janela e arrebatou-lhe a camisola. No botequim, os fregueses da cerveja habitual deram com seu lugar ocupado por macacos. A bilheteira do cinema, horrorizada, desmaiara, ante o braço cabeludo que se estendeu através das grades para adquirir uma entrada. A partida de sinuca foi interrompida porque de súbito despregou-se do teto ao pano verde um macaco e fugiu com a bola 7. Ai de quem descascasse preguiçosamente uma banana! Antes de levá-la à boca um braço de macaco saído não se sabia de onde a surrupiava. No barbeiro, houve um momento em que não restava uma só cadeira vaga: todas ocupadas com macacos. E houve também o célebre macaco em casa de louças, nem um só pires restou intacto. A noite passou assim, em polvorosa. Caçadores improvisados se dispuseram a acabar com a praga – e mais de um esquivo notívago correu risco de levar um tiro nas suas esquivanças, confundido com macaco dentro da noite.
No dia seguinte a situação perdurava: não houve aula na escola pública, porque os macacos foram os primeiros a chegar. O sino da igreja badalava freneticamente desde cedo, apinhado de macacos, ainda que o vigário houvesse por bem suspender a missa naquela manhã, porque havia macaco escondido até na sacristia.
Depois, com o correr dos dias e dos macacos, eles foram escasseando. Alguns morreram de fome ou caçados implacavelmente. Outros fugiram para a floresta, outros acabaram mesmo comidos ao jantar, guisados como sugerira o delegado, nas mesas mais pobres. Um ou outro surgia ainda de vez em quando num telhado, esquálido, assustado, com bandeirinha branca pedindo paz à molecada que o perseguia com pedras. Durante muito tempo, porém, sua presença perturbadora pairou no ar da cidade. O professor não chegou a servir-se de nenhum para suas experiências. Caíra doente, nunca mais pusera os pés na rua, embora durante algum tempo muitos insistissem em visitá-la pela janela.
Vai um dia, a cidade já em paz, o professor recebe outro telegrama de seu amigo em Manaus:
“Seguiu resto encomenda”.
Não teve dúvidas: assim mesmo doente, saiu de casa imediatamente, direto para a estação, abandonou a cidade para sempre, e nunca mais se ouviu falar nele.
Questões
1º) No primeiro telegrama quem é o emissor (locutor) e quem é o destinatário (locutário)?
_____________________________________________________________________________________
2º) Qual é a mensagem?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3º) Qual é o código utilizado?
_____________________________________________________________________________________
4º) Qual foi o canal utilizado por essa comunicação ?
_____________________________________________________________________________________
5º) Explique o que aconteceu para que o cientista residente em Manaus enviasse seiscentos macacos ao invés de 1 ou 2 ?
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6º) Com base no conteúdo do texto justifique se houve ou não um processo de comunicação entre eles.
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Professora Daiane
Variações linguísticas- Música Asa Branca- Produção de texto
EE.ADVENTOR DIVINO DE ALMEIDA
Disciplina Língua Portuguesa
Prof ª Daiane
Aluno(a)_______________________________________
ASA BRANCA
(Luiz GonzaGa)
Quando oiêi a terra ardendo
Quà foguêra de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Pru que tamanha judiação?
Que brasero, que fornáia
Nem um pé de prnatação
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva caí de novo
Pra mim vortá pro meu sertão
Quando o verde dos teus óios
Se espaiá na prrantação
Eu te asseguro, num chore não, viu
Que eu voltarei, viu, meu coração
1. Re-escreva o texto utilizando a linguagem padrão.
Variações linguísticas- Patativa do Assaré
EE.ADVENTOR DIVINO DE ALMEIDA
Disciplina Língua Portuguesa
Prof ª Daiane
Aluno(a)_______________________________________
1. Leia atentamente o texto seguinte e, depois, responda às questões.
Coisas do Meu Sertão
Seu dotô, que é da cidade
Tem diproma e posição
E estudou derne minino
Sem perdê uma lição,
Conhece o nome dos rios,
Que corre inriba do chão,
Sabe o nome de estrela
Que forma constelação,
Conhece todas as coisa
Da historia da criação
E agora qué i na Lua
Causando admiração,
Vou fazê uma pergunta,
Me preste bem atenção:
Pruque não quis aprendê
As coisa do meu sertão?
Por favô, não negue não
Quero que o sinhô me diga
Pruquê não quis o roçado
Onde se sofre de fadiga,
Pisando inriba do toco,
Lacraia, cobra e formiga,
Cocerento de friêra,
Incalombado de urtiga,
Muntas vez inté duente,
Sofrendo dô de barriga,
Mas o jeito é trabaiá
Que a necessidade obriga.
(...)
(Patativa do Assaré)
derne: forma regional, equivalente a desde.
inriba: forma regional, equivalente a em cima, sobre.
incalombado: cheio de calombos.
a) Como você acha que é o sertanejo do poema de Patativa do Assaré?
b) Você conhece alguém que fale do mesmo modo que o sertanejo? De que região do Brasil é essa pessoa?
c) Re-escreva na língua padrão os seguintes versos:
"Tem diproma e posição E estudou drne minino Sem perdê uma lição, Conhece o nome dos rios, Que corre inriba do chão,"
d) Como você imagina que é o "dotô" a quem o sertanejo dirige a palavra?
e) Quem fala "mais correto" o sertanejo ou o doutor? Justifique a sua resposta.
f) No Brasil existem contrastes tão grandes como o "dotô" e o sertanejo "coerento de frieira". Esse contraste é facilmente notado na maneira de falar dessas pessoas? Justifique.
g) Podemos encontrar no texto de Patativa duas variações lingüísticas. Assinale-as:
( ) Variação social
( ) Variação temporal
( ) Variação Regional
Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré, nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Foi casado com D. Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956, Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais.
Cresceu ouvindo histórias, os ponteios da viola e folhetos de cordel. Em pouco tempo, a fama de menino violeiro se espalhou. Com oito anos trocou uma ovelha do pai por uma viola. Dez anos depois, viajou para o Pará e enfrentou muita peleja com cantadores. Quando voltou, estava consagrado: era o Patativa do Assaré. Nessa época os poetas populares vicejavam e muitos eram chamados de 'patativas' porque viviam cantando versos. Ele era apenas um deles. Para ser melhor identificado, adotou o nome de sua cidade.
Patativa só passou seis meses na escola. Isso não o impediu de ser Doutor Honoris Causa de pelo menos três universidades. Não teve estudo, mas discutia com maestria a arte de versejar. Desde os 91 anos de idade com a saúde abalada por uma queda e a memória começando a faltar, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, 'já disse tudo que tinha de dizer'. Patativa morreu em 08 de julho de 2002 na cidade que lhe emprestava o nome.
Material Complementar- Sociologia-1º Bimestre
1º BIMESTRE- Sociologia
1. Processo de construção do conhecimento humano e formação do pensamento sociológico.
A história e evolução da raça humana estão desde os primeiros tempos, ligada ao ato de conhecer, a essa incessante busca de explicação para os fenômenos produzidos e existentes tanto na natureza quanto no mundo social e individual, e a finalidade do ato de conhecer não é senão desvendar os segredos e mostrar a realidade do objeto a ser conhecido, realidade essa que, por meio de reconstruções e modificações inevitáveis do pensar, está sujeita a rupturas e mudanças, de tal modo que o conhecimento sobre determinado objeto que parecia verdadeiro e aceitável num determinado espaço-tempo, noutro momento pode parecer falsa percepção.
E na tentativa de explicar como se processa o conhecimento humano, surgem diferentes pontos de vista para fundamentar a compreensão desse fenômeno que se opera na relação entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido. A questão tem sido alvo de discussão nos meios filosóficos pelas correntes assim denominadas: racionalismo, empirismo e dialética, sobre as quais teceremos algumas considerações:
Racionalismo
O Racionalismo origina-se a partir do inatismo de PLATÃO, filósofo grego (427 a.C. – 347 a.C.), para quem o homem, ser dotado de razão, não conhece a realidade, conhece tão somente a idéia do que seja real, de modo que a realidade só pode ser conhecida por meio das idéias de nossa razão. Enfim, o ato de conhecer resulta de uma operação racional, estando a realidade no universo das idéias, de modo que o conhecimento é criação do ser pensante e nele se esgota, e nada existe fora do pensamento, sendo o conhecimento regido por princípios universais, necessários e imutáveis, válidos para todos os homens em todo tempo e lugar.
Embora o racionalismo não ignore a existência do objeto real a ser conhecido, parte do princípio de que esse objeto resulta de uma operação elaborada no universo das idéias. O sujeito, portanto, surge como único elemento valorizado na relação concebida pelo processo do conhecimento, sendo de quase nenhuma relevância o objeto real a ser conhecido.
A visão platônica (racional, idealista) do mundo traduz-se em um panorama afastado do plano concreto, desvinculado das ocorrências que se manifesta na ambiência social, tablado que ostenta inúmeras contradições nas estruturas que o compõem.
Empirismo
"O inatismo afirma que nascemos trazendo em nossa inteligência não só os princípios racionais, mas também algumas idéias verdadeiras, que, por isso, são idéias inatas. O empirismo, ao contrário, afirma que a razão, com seus princípios, seus procedimentos e suas idéias, é adquirida por nós através da experiência" (MARILENA CHAUI, Convite à Filosofia, p. 69, Editora Ática).
O empirismo, portanto, adota posição radicalmente oposta ao racionalismo. Enquanto essa corrente valoriza o sujeito na formação do conhecimento humano, o empirismo sustenta que o conhecimento nasce do próprio objeto, o qual se apresenta no mundo como realmente é cabendo ao sujeito somente exercer papel de mero espectador dessa realidade posta, e para conhecê-la basta o sujeito saber ver, sendo suficiente para atingir a verdade que se ache devidamente preparado para descrever o objeto tal como ele é, nada pondo, nada acrescentando a ele, atuando como observador neutro, objetivo e exato.
O empirismo traz como elemento decisivo em seu processo de compreensão do conhecimento a preocupação fundamental de que a verdade somente será alcançada por meio da experiência, de tal modo que é imprescindível ao ato de conhecer a demonstração experimental no mundo sensível de toda e qualquer proposição. A experiência pode ser traduzida como o contato que os sentidos daquele que observam trava com o objeto real.
O empirismo manifesta-se em sua forma mais radical no positivismo de AUGUSTE COMTE (1798 – 1857). O festejado positivista sustenta que a verdade só pode ser verificável empiricamente e por um método único e rígido.
Assim como o racionalismo, que na compreensão do conhecimento privilegia o sujeito, o empirismo também constitui obstáculo epistemológico à elaboração científica do direito, porque dá ênfase excessiva a um dos termos da relação cognitiva (no caso, o objeto), não considerando a lição dialética de que é no processo racional entre sujeito e objeto que o conhecimento se constrói. Assim, racionalismo e empirismo são correntes filosóficas que se caracterizam por fundamentos, postulados e atitudes metafísicas diante do processo cognitivo.
Dialética
A corrente dialética surgiu como tentativa de expurgar os exageros pregados pelo racionalismo e pelo empirismo, tendo como preocupação nuclear o diálogo das estruturas mentais e racionais, insurgindo-se contra o mito da objetividade e neutralidade da ciência.
Na Antigüidade, o fundador do pensamento dialético foi HERÁCLITO (540? – 480? a.c.), para quem "O sol é novo a cada dia; nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos". Enfim, tudo flui, tudo passa, tudo se move sem cessar, a vida e tudo o mais que existe, transformam-se num fluxo permanente.
O pensamento dialético prega a necessidade da convivência dos contrários, estabelecendo que a maneira de conhecer a realidade resulta do atrito e do confronto das diferenças constatadas. Predomina a relação da razão com a consciência, de maneira conflituosa como processo de conhecimento humano; ao mesmo tempo, uma afirmação incorpora uma série de negações. O conhecimento da realidade é a superação das contradições.
O pensamento dialético é por definição mutável; a verdade é a do momento, sempre retificável, provisória, pois somente assim o pensamento humano mostra-se capaz de evoluir, partindo-se, portanto, da idéia de que a realidade é sempre contraditória.
Suas principais características são: 1) o conflito; 2) suposição da relação do sujeito: envolvimento, "contaminação" do sujeito pelo objeto e do objeto pelo sujeito; o sujeito que conhece o objeto transforma-o; 3) conhecimento provisório: traz a idéia de mudança e transformação, encarando as relações estabelecidas na sociedade como fenômeno dinâmico, transformado pela realidade e transformador da própria realidade.
1.1. A Revolução Industrial e as transformações sociais
Entendemos por Revolução Industrial a transição de uma economia agrícola tradicional para uma economia caracterizada por processos de produção mecanizados, para fabricar bens em grande escala. Os historiadores aplicam este termo exclusivamente às mudanças ocorridas na Inglaterra a partir do final do século XVIII. Sua expansão aos outros países denomina-se industrialização ou desenvolvimento industrial.
O trabalho se transferiu da produção de bens primários e agrícolas para o de bens manufaturados e serviços, o que gerou a migração das áreas rurais para as áreas urbanas. As mudanças mais importantes afetaram a organização do processo produtivo, que passou a ser realizado nas grandes fábricas, aumentando a especialização do trabalho e, conseqüentemente, sua divisão social. O desenvolvimento e o aumento da produção dependiam da utilização intensiva do capital (circulação) e da aparição de novos instrumentos e ferramentas para o trabalho especializado.
A Revolução Industrial provocou, a princípio, a redução do poder aquisitivo dos trabalhadores e uma perda de qualidade em seu nível de vida. Porém, com o decorrer do tempo implicou em um aumento da renda per capita.
Londres foi o centro de uma rede comercial internacional que favoreceu o desenvolvimento da economia. A partir de meados do século XIX este desenvolvimento expandiu-se para outros países. Expressando seu sentido econômico, sociológico, antropológico e político, muito mais do que histórico propriamente dito.
A Revolução Industrial converteu a Europa, durante o século XIX, no centro de um comércio global. O aumento da produção industrial foi acompanhado de uma rápida expansão comercial. A evolução dos transportes terrestres, com a invenção da máquina a vapor e a construção de ferrovias, favoreceu as comunicações entre o litoral e o interior dos continentes.
Caracterizou-se por sucessivas inovações tecnológicas, que podem ser assim resumidas:
• Aparecimento de máquinas modernas, que substituíram o trabalho do homem;
• Utilização do vapor para acionar a máquina, como fonte de energia, em substituição à energia muscular, eólica e hidráulica;
• Obtenção de novas matérias-primas para produção, em particular os minerais que impulsionaram a metalurgia e a indústria química.
Encontrando na Grã-Bretanha circunstâncias favoráveis, estas inovações adequadamente aproveitadas, deram ao país as condições de implementar definitivamente o modo de produção capitalista. Baseado na produção industrial em massa, nas relações sociais estabelecidas em função do dinheiro e da propriedade privada.
Essas transformações econômicas e sociais – que libertaram o poder produtivo das sociedades humanas – pouco a pouco se expandiram para todo o continente europeu e para outros continentes, pondo fim ao Antigo Regime.
Texto de apoio:
SOBRE A SOCIOLOGIA PRÉ-CIENTÍFICA
A sociologia, como modo de explicação científica do comportamento social e das condições sociais de existência dos seres vivos, representa um produto recente do pensamento moderno. Alguns especialistas procuram traçar as suas origens a partir da filosofia clássica da Grécia, da China ou da Índia. Isso faz tanto sentido quanto liga-las às formas pré-filosóficas do pensamento. Na verdade toda cultura dispõe de técnicas de explicação do mundo, cujas aplicações são muito variadas. Entre as explicações que elas apresentam, estão as que dizem respeito ao próprio homem, às suas relações com a natureza, com os animais ou com outros seres humanos, às instituições sociais, ao sagrado e ao próprio destino humano. O mito, a religião e a filosofia constituem as principais formas pré-científicas de explicação das condições de existência social. Tais modalidades de representação da vida social nada têm em comum com a sociologia. Elas surpreendem, às vezes com espírito sistemático e com profundidade crítica, facetas complexas da vida social. Também desempenharam em seus contextos culturais, funções intelectuais similares às que cabem à sociologia na civilização industrial moderna, pois todas servem aos mesmos propósitos e às mesmas necessidades de explicação da posição do homem no cosmos.
Entretanto, nenhum desses pontos de contato oferece base à suposição de que essas formas pré-científicas da explicação da vida social tenham contribuído para a formação e o desenvolvimento da sociologia. Em particular, elas envolvem tipos de raciocínio fundamentalmente distintos e opostos ao raciocínio cientifico. Mesmo as filosofias greco-romanas e medievais, que deram relevo especial à reflexão sistemática sobre a natureza humana e a organização das sociedades, contrastam singularmente com a explicação sociológica. É que, como notou Durkheim, “elas tinham, com efeito, por objetivo não explicar as sociedades tais ou quais elas são ou tais ou quais elas foram, mas indagar o que as sociedades devem ser, como elas devem organizar-se, para serem tão perfeitas quanto possível”.
(Florestan Fernandes, Ensaios de sociologia geral e aplicada).
Formação e objeto das Ciências Sociais: o surgimento da Sociologia como Ciência e a divisão das Ciências Sociais.
ENTENDER A SOCIEDADE EM QUE VIVEMOS
Pode-se dizer que as Ciências Sociais caracterizam-se pelo estudo sistemático do comportamento social do ser humano. Dessa forma, o objeto de estudo das Ciências Sociais é o ser humano e suas relações sociais.
Ao mesmo tempo, as Ciências Sociais têm por objetivo ampliar o conhecimento sobre o ser humano em suas interações sociais e estudar a ação social em suas diversas dimensões. Ao realizar esse objetivo, as Ciências Sociais contribuem para um melhor entendimento da sociedade em que vivemos fornecendo instrumentos que podem ajudar a transformá-la.
Principais conceitos:
- SOCIEDADE: coletividade organizada e estável de pessoas que ocupam um mesmo território, falam a mesma língua, compartilham a mesma cultura, são geridas por instituições políticas e sociais aceitas de forma consensual e desenvolve atividades produtivas e culturais voltadas para a manutenção da estrutura que sustenta o todo social. As sociedades apresentam-se geralmente divididas em grupos, classes ou camadas sociais, nem sempre harmônicas. Porém, verifica-se também a complementariedade entre esses eles, e é essa complementariedade que mantém de pé a sociedade como um todo, já que a sociedade não possui vida própria.
- Tipos de Sociedade: agrária, civil, industrial ou industrialização, de massa, da informação, pós-industrial, central ou sistema-mundo, entre outras.
- GRUPOS SOCIAIS – O conceito de grupo vem da matemática, que o define como a reunião de elementos que têm pelo menos um aspecto em comum, chamado de propriedade associativa.
Chamamos de grupo social a um conjunto de indivíduos que agem de maneira coordenada, auto-referida ou recíproca, isto é, na maior parte das vezes, dirigida aos outros. Além de agir de forma auto-referente, o homem sempre teve, e tem até os dias de hoje, a consciência de pertencer a um grupo, o que implica interdependência, integração e reciprocidade, elementos fundamentais da vida social. Podemos identificar no estudo dos grupos sociais os grupos primários, tais como a família e a escola, nos quais se observa forte envolvimento emocional, atitudes de cooperação e o compartilhamento de objetivos comuns. Os grupos secundários são mais formais e menos íntimos e correspondem àqueles grupos formados pelos participantes de grandes empresas ou instituições, como por exemplo, os clientes de um banco.
- SOCIALIAÇÃO - Este conceito se refere ao processo pelo qual o individuo assimila os valores, as normas e as expectativas sociais de um grupo ou de uma sociedade. Este processo, responsável pela transmissão da cultura, é contínuo e se inicia na família quando se realiza a chamada “socialização primária”. Depois é assumido pela escola, pelos grupos de referência e pelas diferentes formas de treinamento e ajuste que os indivíduos fazem parte e se submetem no decorrer de sua existência, e que caracterizam a socialização secundária.
DIVISÃO DAS CIENCIAS SOCIAIS
- O que entendemos por Ciências Sociais?
- O que estuda a:
- Sociologia: estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. A sociologia envolve, portanto, o estudo dos grupos e dos fatos sociais, da divisão da sociedade em classes e camadas, da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito na sociedade etc.
- Antropologia: estuda e pesquisa as diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas. Alem de estudar a cultura dos povos pré-letrados, ocupa-se também da diversidade cultural existente nas sociedades contemporâneas, como os tipos de organização familiar, as religiões e as artes etc.
- Ciência Política: ocupa-se do estudo da organização e distribuição de poder nas sociedades, assim como da formação e do desenvolvimento das formas de governos, tanto as antigas como as contemporâneas, dos partidos políticos, mecanismos eleitorais etc.
- Economia: tem por objeto as atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. Estudando, portanto, a dinâmica dos modelos produtivos desenvolvidos pelas sociedades, a distribuição da renda em um país, a política salarial etc.
(Não existe uma divisão nítida entre essas disciplinas. Embora cada uma das Ciências Sociais esteja voltada preferencialmente para um aspecto da realidade social, elas são complementares entre si e atuam freqüentemente juntas para explicar os complexos fenômenos da vida em sociedade.)
A Sociologia como Ciência
- Para que serve uma ciência que estuda o desenvolvimento e a dinâmica das sociedades e suas transformações?
Pode-se aproveitar para trabalhar neste bimestre a questão do surgimento do Dia 8 de Março – Dia Internacional da Mulher, e a questão sexista em nossa sociedade, uma vez que temos o fato das mulheres queimadas em uma tecelagem no período da Revolução Industrial nos EUA. Sendo considerado um dia de luta pela emancipação e igualdade de direitos das mulheres. Pode-se fazer uma abordagem mais complexa do assunto no Brasil e no mundo.
Texto de apoio:
DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO
Chamamos de divisão sexual do trabalho a separação dos trabalhos considerados como “serviço de mulher” daqueles que são considerados “serviço de homem”.
Por exemplo, ainda hoje em nossa sociedade, todas as atividades não remuneradas, que fazem parte do cuidado com a casa e com as pessoas da família, ainda são vistas como tarefas para as mulheres. Já o trabalho pago, geralmente realizado fora de casa, ainda e visto como sendo de maior responsabilidade dos homens. Essa visão ainda é muito forte nos dias de hoje, apesar do crescimento do numero de mulheres que saíram de casa pra trabalhar, seja para aumentar a renda da família, ou por serem chefes de família, arcando sozinha com as despesas da casa. Alem dessa divisão, algumas profissões também são classificadas como femininas ou masculinas.
Geralmente, as profissões consideradas femininas são menos valorizadas e recebem um salário menor, porque o salário da mulher é visto como um “complemento” dos ganhos da família.
Também o trabalho doméstico não remunerado – lavar, passar, cozinhar ou cuidar de pessoas da família, entre outros – é desvalorizado e não costuma ser visto como um trabalho. Quem nunca ouviu alguém dizer: “Ela não trabalha, só cuida da casa...”.
Já o trabalho do homem costuma ser mais valorizado e considerado mais cansativo. É comum, em casais que trabalham fora de casa, que a mulher faça o trabalho domestico – tendo dupla jornada de trabalho – enquanto o homem descansa.
Essa divisão do trabalho está baseada simplesmente no fato de ser homem ou mulher, não levando em conta as reais capacidades e habilidades das pessoas. Alem de ser preconceituosa, contribui para tornar ainda mais injusta a relação entre homens e mulheres. E, mais uma vez, a injustiça recai sobre a mulher.
1. Processo de construção do conhecimento humano e formação do pensamento sociológico.
A história e evolução da raça humana estão desde os primeiros tempos, ligada ao ato de conhecer, a essa incessante busca de explicação para os fenômenos produzidos e existentes tanto na natureza quanto no mundo social e individual, e a finalidade do ato de conhecer não é senão desvendar os segredos e mostrar a realidade do objeto a ser conhecido, realidade essa que, por meio de reconstruções e modificações inevitáveis do pensar, está sujeita a rupturas e mudanças, de tal modo que o conhecimento sobre determinado objeto que parecia verdadeiro e aceitável num determinado espaço-tempo, noutro momento pode parecer falsa percepção.
E na tentativa de explicar como se processa o conhecimento humano, surgem diferentes pontos de vista para fundamentar a compreensão desse fenômeno que se opera na relação entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido. A questão tem sido alvo de discussão nos meios filosóficos pelas correntes assim denominadas: racionalismo, empirismo e dialética, sobre as quais teceremos algumas considerações:
Racionalismo
O Racionalismo origina-se a partir do inatismo de PLATÃO, filósofo grego (427 a.C. – 347 a.C.), para quem o homem, ser dotado de razão, não conhece a realidade, conhece tão somente a idéia do que seja real, de modo que a realidade só pode ser conhecida por meio das idéias de nossa razão. Enfim, o ato de conhecer resulta de uma operação racional, estando a realidade no universo das idéias, de modo que o conhecimento é criação do ser pensante e nele se esgota, e nada existe fora do pensamento, sendo o conhecimento regido por princípios universais, necessários e imutáveis, válidos para todos os homens em todo tempo e lugar.
Embora o racionalismo não ignore a existência do objeto real a ser conhecido, parte do princípio de que esse objeto resulta de uma operação elaborada no universo das idéias. O sujeito, portanto, surge como único elemento valorizado na relação concebida pelo processo do conhecimento, sendo de quase nenhuma relevância o objeto real a ser conhecido.
A visão platônica (racional, idealista) do mundo traduz-se em um panorama afastado do plano concreto, desvinculado das ocorrências que se manifesta na ambiência social, tablado que ostenta inúmeras contradições nas estruturas que o compõem.
Empirismo
"O inatismo afirma que nascemos trazendo em nossa inteligência não só os princípios racionais, mas também algumas idéias verdadeiras, que, por isso, são idéias inatas. O empirismo, ao contrário, afirma que a razão, com seus princípios, seus procedimentos e suas idéias, é adquirida por nós através da experiência" (MARILENA CHAUI, Convite à Filosofia, p. 69, Editora Ática).
O empirismo, portanto, adota posição radicalmente oposta ao racionalismo. Enquanto essa corrente valoriza o sujeito na formação do conhecimento humano, o empirismo sustenta que o conhecimento nasce do próprio objeto, o qual se apresenta no mundo como realmente é cabendo ao sujeito somente exercer papel de mero espectador dessa realidade posta, e para conhecê-la basta o sujeito saber ver, sendo suficiente para atingir a verdade que se ache devidamente preparado para descrever o objeto tal como ele é, nada pondo, nada acrescentando a ele, atuando como observador neutro, objetivo e exato.
O empirismo traz como elemento decisivo em seu processo de compreensão do conhecimento a preocupação fundamental de que a verdade somente será alcançada por meio da experiência, de tal modo que é imprescindível ao ato de conhecer a demonstração experimental no mundo sensível de toda e qualquer proposição. A experiência pode ser traduzida como o contato que os sentidos daquele que observam trava com o objeto real.
O empirismo manifesta-se em sua forma mais radical no positivismo de AUGUSTE COMTE (1798 – 1857). O festejado positivista sustenta que a verdade só pode ser verificável empiricamente e por um método único e rígido.
Assim como o racionalismo, que na compreensão do conhecimento privilegia o sujeito, o empirismo também constitui obstáculo epistemológico à elaboração científica do direito, porque dá ênfase excessiva a um dos termos da relação cognitiva (no caso, o objeto), não considerando a lição dialética de que é no processo racional entre sujeito e objeto que o conhecimento se constrói. Assim, racionalismo e empirismo são correntes filosóficas que se caracterizam por fundamentos, postulados e atitudes metafísicas diante do processo cognitivo.
Dialética
A corrente dialética surgiu como tentativa de expurgar os exageros pregados pelo racionalismo e pelo empirismo, tendo como preocupação nuclear o diálogo das estruturas mentais e racionais, insurgindo-se contra o mito da objetividade e neutralidade da ciência.
Na Antigüidade, o fundador do pensamento dialético foi HERÁCLITO (540? – 480? a.c.), para quem "O sol é novo a cada dia; nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos". Enfim, tudo flui, tudo passa, tudo se move sem cessar, a vida e tudo o mais que existe, transformam-se num fluxo permanente.
O pensamento dialético prega a necessidade da convivência dos contrários, estabelecendo que a maneira de conhecer a realidade resulta do atrito e do confronto das diferenças constatadas. Predomina a relação da razão com a consciência, de maneira conflituosa como processo de conhecimento humano; ao mesmo tempo, uma afirmação incorpora uma série de negações. O conhecimento da realidade é a superação das contradições.
O pensamento dialético é por definição mutável; a verdade é a do momento, sempre retificável, provisória, pois somente assim o pensamento humano mostra-se capaz de evoluir, partindo-se, portanto, da idéia de que a realidade é sempre contraditória.
Suas principais características são: 1) o conflito; 2) suposição da relação do sujeito: envolvimento, "contaminação" do sujeito pelo objeto e do objeto pelo sujeito; o sujeito que conhece o objeto transforma-o; 3) conhecimento provisório: traz a idéia de mudança e transformação, encarando as relações estabelecidas na sociedade como fenômeno dinâmico, transformado pela realidade e transformador da própria realidade.
1.1. A Revolução Industrial e as transformações sociais
Entendemos por Revolução Industrial a transição de uma economia agrícola tradicional para uma economia caracterizada por processos de produção mecanizados, para fabricar bens em grande escala. Os historiadores aplicam este termo exclusivamente às mudanças ocorridas na Inglaterra a partir do final do século XVIII. Sua expansão aos outros países denomina-se industrialização ou desenvolvimento industrial.
O trabalho se transferiu da produção de bens primários e agrícolas para o de bens manufaturados e serviços, o que gerou a migração das áreas rurais para as áreas urbanas. As mudanças mais importantes afetaram a organização do processo produtivo, que passou a ser realizado nas grandes fábricas, aumentando a especialização do trabalho e, conseqüentemente, sua divisão social. O desenvolvimento e o aumento da produção dependiam da utilização intensiva do capital (circulação) e da aparição de novos instrumentos e ferramentas para o trabalho especializado.
A Revolução Industrial provocou, a princípio, a redução do poder aquisitivo dos trabalhadores e uma perda de qualidade em seu nível de vida. Porém, com o decorrer do tempo implicou em um aumento da renda per capita.
Londres foi o centro de uma rede comercial internacional que favoreceu o desenvolvimento da economia. A partir de meados do século XIX este desenvolvimento expandiu-se para outros países. Expressando seu sentido econômico, sociológico, antropológico e político, muito mais do que histórico propriamente dito.
A Revolução Industrial converteu a Europa, durante o século XIX, no centro de um comércio global. O aumento da produção industrial foi acompanhado de uma rápida expansão comercial. A evolução dos transportes terrestres, com a invenção da máquina a vapor e a construção de ferrovias, favoreceu as comunicações entre o litoral e o interior dos continentes.
Caracterizou-se por sucessivas inovações tecnológicas, que podem ser assim resumidas:
• Aparecimento de máquinas modernas, que substituíram o trabalho do homem;
• Utilização do vapor para acionar a máquina, como fonte de energia, em substituição à energia muscular, eólica e hidráulica;
• Obtenção de novas matérias-primas para produção, em particular os minerais que impulsionaram a metalurgia e a indústria química.
Encontrando na Grã-Bretanha circunstâncias favoráveis, estas inovações adequadamente aproveitadas, deram ao país as condições de implementar definitivamente o modo de produção capitalista. Baseado na produção industrial em massa, nas relações sociais estabelecidas em função do dinheiro e da propriedade privada.
Essas transformações econômicas e sociais – que libertaram o poder produtivo das sociedades humanas – pouco a pouco se expandiram para todo o continente europeu e para outros continentes, pondo fim ao Antigo Regime.
Texto de apoio:
SOBRE A SOCIOLOGIA PRÉ-CIENTÍFICA
A sociologia, como modo de explicação científica do comportamento social e das condições sociais de existência dos seres vivos, representa um produto recente do pensamento moderno. Alguns especialistas procuram traçar as suas origens a partir da filosofia clássica da Grécia, da China ou da Índia. Isso faz tanto sentido quanto liga-las às formas pré-filosóficas do pensamento. Na verdade toda cultura dispõe de técnicas de explicação do mundo, cujas aplicações são muito variadas. Entre as explicações que elas apresentam, estão as que dizem respeito ao próprio homem, às suas relações com a natureza, com os animais ou com outros seres humanos, às instituições sociais, ao sagrado e ao próprio destino humano. O mito, a religião e a filosofia constituem as principais formas pré-científicas de explicação das condições de existência social. Tais modalidades de representação da vida social nada têm em comum com a sociologia. Elas surpreendem, às vezes com espírito sistemático e com profundidade crítica, facetas complexas da vida social. Também desempenharam em seus contextos culturais, funções intelectuais similares às que cabem à sociologia na civilização industrial moderna, pois todas servem aos mesmos propósitos e às mesmas necessidades de explicação da posição do homem no cosmos.
Entretanto, nenhum desses pontos de contato oferece base à suposição de que essas formas pré-científicas da explicação da vida social tenham contribuído para a formação e o desenvolvimento da sociologia. Em particular, elas envolvem tipos de raciocínio fundamentalmente distintos e opostos ao raciocínio cientifico. Mesmo as filosofias greco-romanas e medievais, que deram relevo especial à reflexão sistemática sobre a natureza humana e a organização das sociedades, contrastam singularmente com a explicação sociológica. É que, como notou Durkheim, “elas tinham, com efeito, por objetivo não explicar as sociedades tais ou quais elas são ou tais ou quais elas foram, mas indagar o que as sociedades devem ser, como elas devem organizar-se, para serem tão perfeitas quanto possível”.
(Florestan Fernandes, Ensaios de sociologia geral e aplicada).
Formação e objeto das Ciências Sociais: o surgimento da Sociologia como Ciência e a divisão das Ciências Sociais.
ENTENDER A SOCIEDADE EM QUE VIVEMOS
Pode-se dizer que as Ciências Sociais caracterizam-se pelo estudo sistemático do comportamento social do ser humano. Dessa forma, o objeto de estudo das Ciências Sociais é o ser humano e suas relações sociais.
Ao mesmo tempo, as Ciências Sociais têm por objetivo ampliar o conhecimento sobre o ser humano em suas interações sociais e estudar a ação social em suas diversas dimensões. Ao realizar esse objetivo, as Ciências Sociais contribuem para um melhor entendimento da sociedade em que vivemos fornecendo instrumentos que podem ajudar a transformá-la.
Principais conceitos:
- SOCIEDADE: coletividade organizada e estável de pessoas que ocupam um mesmo território, falam a mesma língua, compartilham a mesma cultura, são geridas por instituições políticas e sociais aceitas de forma consensual e desenvolve atividades produtivas e culturais voltadas para a manutenção da estrutura que sustenta o todo social. As sociedades apresentam-se geralmente divididas em grupos, classes ou camadas sociais, nem sempre harmônicas. Porém, verifica-se também a complementariedade entre esses eles, e é essa complementariedade que mantém de pé a sociedade como um todo, já que a sociedade não possui vida própria.
- Tipos de Sociedade: agrária, civil, industrial ou industrialização, de massa, da informação, pós-industrial, central ou sistema-mundo, entre outras.
- GRUPOS SOCIAIS – O conceito de grupo vem da matemática, que o define como a reunião de elementos que têm pelo menos um aspecto em comum, chamado de propriedade associativa.
Chamamos de grupo social a um conjunto de indivíduos que agem de maneira coordenada, auto-referida ou recíproca, isto é, na maior parte das vezes, dirigida aos outros. Além de agir de forma auto-referente, o homem sempre teve, e tem até os dias de hoje, a consciência de pertencer a um grupo, o que implica interdependência, integração e reciprocidade, elementos fundamentais da vida social. Podemos identificar no estudo dos grupos sociais os grupos primários, tais como a família e a escola, nos quais se observa forte envolvimento emocional, atitudes de cooperação e o compartilhamento de objetivos comuns. Os grupos secundários são mais formais e menos íntimos e correspondem àqueles grupos formados pelos participantes de grandes empresas ou instituições, como por exemplo, os clientes de um banco.
- SOCIALIAÇÃO - Este conceito se refere ao processo pelo qual o individuo assimila os valores, as normas e as expectativas sociais de um grupo ou de uma sociedade. Este processo, responsável pela transmissão da cultura, é contínuo e se inicia na família quando se realiza a chamada “socialização primária”. Depois é assumido pela escola, pelos grupos de referência e pelas diferentes formas de treinamento e ajuste que os indivíduos fazem parte e se submetem no decorrer de sua existência, e que caracterizam a socialização secundária.
DIVISÃO DAS CIENCIAS SOCIAIS
- O que entendemos por Ciências Sociais?
- O que estuda a:
- Sociologia: estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. A sociologia envolve, portanto, o estudo dos grupos e dos fatos sociais, da divisão da sociedade em classes e camadas, da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito na sociedade etc.
- Antropologia: estuda e pesquisa as diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas. Alem de estudar a cultura dos povos pré-letrados, ocupa-se também da diversidade cultural existente nas sociedades contemporâneas, como os tipos de organização familiar, as religiões e as artes etc.
- Ciência Política: ocupa-se do estudo da organização e distribuição de poder nas sociedades, assim como da formação e do desenvolvimento das formas de governos, tanto as antigas como as contemporâneas, dos partidos políticos, mecanismos eleitorais etc.
- Economia: tem por objeto as atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. Estudando, portanto, a dinâmica dos modelos produtivos desenvolvidos pelas sociedades, a distribuição da renda em um país, a política salarial etc.
(Não existe uma divisão nítida entre essas disciplinas. Embora cada uma das Ciências Sociais esteja voltada preferencialmente para um aspecto da realidade social, elas são complementares entre si e atuam freqüentemente juntas para explicar os complexos fenômenos da vida em sociedade.)
A Sociologia como Ciência
- Para que serve uma ciência que estuda o desenvolvimento e a dinâmica das sociedades e suas transformações?
Pode-se aproveitar para trabalhar neste bimestre a questão do surgimento do Dia 8 de Março – Dia Internacional da Mulher, e a questão sexista em nossa sociedade, uma vez que temos o fato das mulheres queimadas em uma tecelagem no período da Revolução Industrial nos EUA. Sendo considerado um dia de luta pela emancipação e igualdade de direitos das mulheres. Pode-se fazer uma abordagem mais complexa do assunto no Brasil e no mundo.
Texto de apoio:
DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO
Chamamos de divisão sexual do trabalho a separação dos trabalhos considerados como “serviço de mulher” daqueles que são considerados “serviço de homem”.
Por exemplo, ainda hoje em nossa sociedade, todas as atividades não remuneradas, que fazem parte do cuidado com a casa e com as pessoas da família, ainda são vistas como tarefas para as mulheres. Já o trabalho pago, geralmente realizado fora de casa, ainda e visto como sendo de maior responsabilidade dos homens. Essa visão ainda é muito forte nos dias de hoje, apesar do crescimento do numero de mulheres que saíram de casa pra trabalhar, seja para aumentar a renda da família, ou por serem chefes de família, arcando sozinha com as despesas da casa. Alem dessa divisão, algumas profissões também são classificadas como femininas ou masculinas.
Geralmente, as profissões consideradas femininas são menos valorizadas e recebem um salário menor, porque o salário da mulher é visto como um “complemento” dos ganhos da família.
Também o trabalho doméstico não remunerado – lavar, passar, cozinhar ou cuidar de pessoas da família, entre outros – é desvalorizado e não costuma ser visto como um trabalho. Quem nunca ouviu alguém dizer: “Ela não trabalha, só cuida da casa...”.
Já o trabalho do homem costuma ser mais valorizado e considerado mais cansativo. É comum, em casais que trabalham fora de casa, que a mulher faça o trabalho domestico – tendo dupla jornada de trabalho – enquanto o homem descansa.
Essa divisão do trabalho está baseada simplesmente no fato de ser homem ou mulher, não levando em conta as reais capacidades e habilidades das pessoas. Alem de ser preconceituosa, contribui para tornar ainda mais injusta a relação entre homens e mulheres. E, mais uma vez, a injustiça recai sobre a mulher.
Circuito Fechado- Texto para leitura e produção- 2º Ano
Leia o texto: Circuito fechado de Ricardo Ramos:
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes,xícara,cartaz,lápis,cigarro,fósforo, quadro- negro,giz,papel, Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
(Ricardo Ramos)
↔ Observe que Ricardo Ramos realiza um incrível procedimento para nos contar uma história. Ele não utiliza verbos, apenas nomeia objetos, ações e estados que fazem parte do dia de uma pessoa.
Agora pense e discuta com seu colega:
↓
1-Vocês são capazes de descobrir algumas características da personagem desta crônica? Como?
2-Explique a relação existente entre o conteúdo explorado pelo texto e o título dado a ele.
↔ Agora seja um artista e faça como Ricardo Ramos:
CRIE UM TEXTO QUE CONTE UM DIA TÍPICO DE SUA VIDA. NÃO SE ESQUEÇA DE UTILIZAR O MESMO PROCEDIMENTO UTILIZADO POR RICARDO RAMOS NO TEXTO: CIRCUITO FECHADO (SEM VERBOS)
APÓS TERMINAR SEU TEXTO POSTE-O NO SEU BLOG. DEPOIS NÃO SE ESQUEÇA DE ENTRAR NOS BLOGS DOS COLEGAS DE SALA E COMENTAR OS TEXTOS PRODUZIDOS E POSTADOS POR ELES!
SEJAM CRIATIVOS E DIVIRTAM-SE !
BOM TRABALHO!
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes,xícara,cartaz,lápis,cigarro,fósforo, quadro- negro,giz,papel, Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
(Ricardo Ramos)
↔ Observe que Ricardo Ramos realiza um incrível procedimento para nos contar uma história. Ele não utiliza verbos, apenas nomeia objetos, ações e estados que fazem parte do dia de uma pessoa.
Agora pense e discuta com seu colega:
↓
1-Vocês são capazes de descobrir algumas características da personagem desta crônica? Como?
2-Explique a relação existente entre o conteúdo explorado pelo texto e o título dado a ele.
↔ Agora seja um artista e faça como Ricardo Ramos:
CRIE UM TEXTO QUE CONTE UM DIA TÍPICO DE SUA VIDA. NÃO SE ESQUEÇA DE UTILIZAR O MESMO PROCEDIMENTO UTILIZADO POR RICARDO RAMOS NO TEXTO: CIRCUITO FECHADO (SEM VERBOS)
APÓS TERMINAR SEU TEXTO POSTE-O NO SEU BLOG. DEPOIS NÃO SE ESQUEÇA DE ENTRAR NOS BLOGS DOS COLEGAS DE SALA E COMENTAR OS TEXTOS PRODUZIDOS E POSTADOS POR ELES!
SEJAM CRIATIVOS E DIVIRTAM-SE !
BOM TRABALHO!
A secretária eletrônica e o nome das coisas ( Aula I- 2ºAno- Português)
O ser humano já não exibe o mesmo talento na arte
de apelidar os objetos e fenômenos à sua volta
Existe melhor nome, para o objeto que chamamos de mesa, do que a palavra "mesa"? E a palavra "chapéu", existe melhor para designar um chapéu? A palavra "mesa" estende-se à nossa frente como guarnida de finos pratos e do melhor vinho, generosa e convidativa. A palavra "chapéu" como protege a cabeça, de tão justa e amiga. São nomes que convêm ao objeto como luva às mãos — e, diga-se de passagem, "luva" e "mão" são também, na humildade de suas sílabas, palavras da melhor qualidade. E os nomes dos bichos? Borboleta, beija-flor, chimpanzé, girafa, coruja, zebra, elefante, leão, rato, leopardo, onça, tartaruga. Esplêndidos. Jóias de expressão e significado.
O escritor francês Jules Renard escreveu, a propósito das vacas: "Nós as chamamos de vacas, e é o nome que melhor lhes cabe". Claro que escreveu em francês, língua em que vaca é "vache", mas vaca é nome tão adequado ao que quer dizer quanto "vache". De maneira geral, os nomes das coisas essenciais e primitivas estão bem resolvidos, não importa em que língua. Em todas, "mesa" tem designação digna. Alguns nomes, de tão bons, servem a várias línguas, com pequenas modificações, como "girafa" e "elefante". Isso prova que o homem se saiu bem na tarefa de que o encarregou o criador, segundo a Bíblia: "Iahweh Deus modelou então, do solo, todas as feras selvagens e todas as aves do céu e as conduziu ao homem para ver como ele as chamaria; cada qual devia levar o nome que o homem lhe desse. O homem deu nomes a todos os animais, às aves do céu e a todas as feras selvagens..." (Gênese, 2, 19-20).
E hoje? A capacidade de dar nome às coisas revela-se em crise. À última, ou, se não a última, pelo menos a mais apavorante das doenças surgidas nos últimos anos, deu-se o nome de "aids", uma mera sigla. Em outros tempos, as doenças mereceram nomes como "rubéola" (que até empresta alguma graça aos rubores a que se refere) ou "escorbuto" (assustadora como os piratas que costumavam contraí-la). Os índios, com seu fraco pelo barulho das vogais, nos legaram o lindo nome de "catapora". "Aids", além de ser sigla, leva outra característica de nosso tempo, o cientificismo, com sua referência à imunodeficiência adquirida. No caso brasileiro, como nota o jornalista Marcos de Castro, num livro douto, interessante e útil, de lançamento recente (A Imprensa e o Caos na Ortografia, Editora Record), há a agravante de, incuráveis americanófilos, termos adotado a sigla em inglês. Ao contrário, franceses e espanhóis conformaram-na à ordem das palavras em seus idiomas (síndrome da imunodeficiência adquirida) e obtiveram resultado muito mais afeito à índole latina — "sida". Também os portugueses falam "sida", não "aids".
Em matéria de novas invenções, que é onde mais tem sido exigido o talento de dar nome às coisas, há falhas que advêm da própria incompreensão do objeto nomeado. "Computador" foi assim chamado porque a primeira utilidade que se vislumbrou no novo aparelho foi a de computar. Mas ele faz muito mais — compõe textos, arquiva, comunica. O objeto extravasou a designação com que se tentou aprisioná-lo. Nada supera, no entanto, em incompetência, na arte de nomear, os nomes que se deram, no Brasil, a duas outras invenções recentes — "aparelho de som" e "secretária eletrônica".
"Vitrola" já era ruim. Era o nome de um produto lançado pela empresa Victor. Não tinha a nobreza de "gramofone" ou "fonógrafo", nomes que, compostos de elementos de línguas antigas, resultaram, a exemplo de "automóvel" ou "televisão", em vocábulos mais que aceitáveis. Mas "vitrola" pelo menos era original e sintético. "Aparelho de som" é um descalabro. Aparelho de produzir som é qualquer instrumento musical, e nem precisa ser isso — é qualquer lata ou pedaço de pau. Mas o pior é que, por ser nome composto e comprido, deu lugar à abreviação "som". "Não vamos esquecer de levar o som à praia", diz a namorada ao namorado, como se esse elemento incorpóreo que é o som, o som puro, a vibração que viaja no ar, pudesse ser transportado de uma parte a outra por mãos humanas. "Não ponha o som em cima da cama", diz a mãe ao filho, e isso, bem pesadas as palavras, é tão esdrúxulo como se dissesse: "Tire o vento de cima do travesseiro" ou "Guarde a claridade no armário".
Pior ainda é "secretária eletrônica". Supõe uma mulherzinha movida a pilha. Os irmãos portugueses, que nesse assunto de nomear são mais sensatos, dão a esse aparelho o nome de "gravador de chamadas". Os portugueses também não cederam ao despropósito de chamar de "mídia" os meios de comunicação, termo pelo qual, grotescamente, o latim nos chega embrulhado de inglês. Ficaram com "média", do latim original. Secretária eletrônica é um duplo insulto — às secretárias e ao aparelho que pretende designar. Às secretárias porque as equipara a uma engenhoca acoplada ao telefone. Ao aparelho, pelo desprestígio resultante de nome carregado de ridículo. O apelido que lhe foi pespegado no Brasil condenou à indignidade o gravador de chamadas.
http://veja.abril.com.br/030399/p_126.html
de apelidar os objetos e fenômenos à sua volta
Existe melhor nome, para o objeto que chamamos de mesa, do que a palavra "mesa"? E a palavra "chapéu", existe melhor para designar um chapéu? A palavra "mesa" estende-se à nossa frente como guarnida de finos pratos e do melhor vinho, generosa e convidativa. A palavra "chapéu" como protege a cabeça, de tão justa e amiga. São nomes que convêm ao objeto como luva às mãos — e, diga-se de passagem, "luva" e "mão" são também, na humildade de suas sílabas, palavras da melhor qualidade. E os nomes dos bichos? Borboleta, beija-flor, chimpanzé, girafa, coruja, zebra, elefante, leão, rato, leopardo, onça, tartaruga. Esplêndidos. Jóias de expressão e significado.
O escritor francês Jules Renard escreveu, a propósito das vacas: "Nós as chamamos de vacas, e é o nome que melhor lhes cabe". Claro que escreveu em francês, língua em que vaca é "vache", mas vaca é nome tão adequado ao que quer dizer quanto "vache". De maneira geral, os nomes das coisas essenciais e primitivas estão bem resolvidos, não importa em que língua. Em todas, "mesa" tem designação digna. Alguns nomes, de tão bons, servem a várias línguas, com pequenas modificações, como "girafa" e "elefante". Isso prova que o homem se saiu bem na tarefa de que o encarregou o criador, segundo a Bíblia: "Iahweh Deus modelou então, do solo, todas as feras selvagens e todas as aves do céu e as conduziu ao homem para ver como ele as chamaria; cada qual devia levar o nome que o homem lhe desse. O homem deu nomes a todos os animais, às aves do céu e a todas as feras selvagens..." (Gênese, 2, 19-20).
E hoje? A capacidade de dar nome às coisas revela-se em crise. À última, ou, se não a última, pelo menos a mais apavorante das doenças surgidas nos últimos anos, deu-se o nome de "aids", uma mera sigla. Em outros tempos, as doenças mereceram nomes como "rubéola" (que até empresta alguma graça aos rubores a que se refere) ou "escorbuto" (assustadora como os piratas que costumavam contraí-la). Os índios, com seu fraco pelo barulho das vogais, nos legaram o lindo nome de "catapora". "Aids", além de ser sigla, leva outra característica de nosso tempo, o cientificismo, com sua referência à imunodeficiência adquirida. No caso brasileiro, como nota o jornalista Marcos de Castro, num livro douto, interessante e útil, de lançamento recente (A Imprensa e o Caos na Ortografia, Editora Record), há a agravante de, incuráveis americanófilos, termos adotado a sigla em inglês. Ao contrário, franceses e espanhóis conformaram-na à ordem das palavras em seus idiomas (síndrome da imunodeficiência adquirida) e obtiveram resultado muito mais afeito à índole latina — "sida". Também os portugueses falam "sida", não "aids".
Em matéria de novas invenções, que é onde mais tem sido exigido o talento de dar nome às coisas, há falhas que advêm da própria incompreensão do objeto nomeado. "Computador" foi assim chamado porque a primeira utilidade que se vislumbrou no novo aparelho foi a de computar. Mas ele faz muito mais — compõe textos, arquiva, comunica. O objeto extravasou a designação com que se tentou aprisioná-lo. Nada supera, no entanto, em incompetência, na arte de nomear, os nomes que se deram, no Brasil, a duas outras invenções recentes — "aparelho de som" e "secretária eletrônica".
"Vitrola" já era ruim. Era o nome de um produto lançado pela empresa Victor. Não tinha a nobreza de "gramofone" ou "fonógrafo", nomes que, compostos de elementos de línguas antigas, resultaram, a exemplo de "automóvel" ou "televisão", em vocábulos mais que aceitáveis. Mas "vitrola" pelo menos era original e sintético. "Aparelho de som" é um descalabro. Aparelho de produzir som é qualquer instrumento musical, e nem precisa ser isso — é qualquer lata ou pedaço de pau. Mas o pior é que, por ser nome composto e comprido, deu lugar à abreviação "som". "Não vamos esquecer de levar o som à praia", diz a namorada ao namorado, como se esse elemento incorpóreo que é o som, o som puro, a vibração que viaja no ar, pudesse ser transportado de uma parte a outra por mãos humanas. "Não ponha o som em cima da cama", diz a mãe ao filho, e isso, bem pesadas as palavras, é tão esdrúxulo como se dissesse: "Tire o vento de cima do travesseiro" ou "Guarde a claridade no armário".
Pior ainda é "secretária eletrônica". Supõe uma mulherzinha movida a pilha. Os irmãos portugueses, que nesse assunto de nomear são mais sensatos, dão a esse aparelho o nome de "gravador de chamadas". Os portugueses também não cederam ao despropósito de chamar de "mídia" os meios de comunicação, termo pelo qual, grotescamente, o latim nos chega embrulhado de inglês. Ficaram com "média", do latim original. Secretária eletrônica é um duplo insulto — às secretárias e ao aparelho que pretende designar. Às secretárias porque as equipara a uma engenhoca acoplada ao telefone. Ao aparelho, pelo desprestígio resultante de nome carregado de ridículo. O apelido que lhe foi pespegado no Brasil condenou à indignidade o gravador de chamadas.
http://veja.abril.com.br/030399/p_126.html
Assinar:
Postagens (Atom)