Discurso direto e uso dos travessões- P. 66 do livro: Todos os textos- William Cereja

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Contos Maravilhosos- A história do livro- adaptada


Contos maravilhosos- Vídeo animado e Contos



Vídeo Animado: O leão Medroso




Contos:

 O pescador e sua mulher

Era uma vez um pobre pescador e sua mulher. Eram pobres, muito pobres. Moravam numa choupana à beira-mar, num lugar solitário. Viviam dos poucos peixes que ele pescava. Poucos porque, de tão pobre que era, ele não possuía um barco: não podia aventurar-se ao mar alto, onde estão os grandes cardumes. Tinha de se contentar com os peixes que apanhava com os anzóis ou com as redes lançadas no raso. Sua choupana, de pau-a-pique era coberta com folhas de palmeira. Quando chovia a água caía dentro da casa e os dois tinham de ficar encolhidos, agachados, num canto.
           Não tinham razões para serem felizes. Mas, a despeito de tudo, tinham momentos de felicidade. Era quando começavam a falar sobre os seus sonhos. Algum dia ele teria sorte, teria uma grande pescaria, ou encontraria um tesouro – e então teriam uma casinha branca com janelas azuis, jardim na frente e galinhas no quintal. Eles sabiam que a casinha azul não passava de um sonho. Mas era tão bom sonhar! E assim, sonhando com a impossível casinha azul, eles dormiam felizes, abraçados.
           Era um dia comum como todos os outros. O pescador saiu muito cedo com seus anzóis para pescar. O mar estava tranqüilo, muito azul. O céu limpo, a brisa fresca. De cima de uma pedra lançou o seu anzol. Sentiu um tranco forte. Um peixe estava preso no anzol. Lutou. Puxou. Tirou o peixe. Ele tinha escamas de prata com barbatanas de ouro. Foi então que o espanto aconteceu. O peixe falou. "Pescador, eu sou um peixe mágico, anjo dos deuses no mar. Devolva-me ao mar que realizarei o seu maior desejo…" O pescador acreditou. Um peixe que fala deve ser digno de confiança. "Eu e minha mulher temos um sonho," disse o pescador. "Sonhamos com uma casinha azul, jardim na frente, galinhas no quintal… E mais, roupa nova para minha mulher…"

            Ditas estas palavras ele lançou o peixe de novo ao mar e voltou para casa, para ver se o prometido acontecera. De longe, no lugar da choupana antiga, ele viu uma casinha branca com janelas azuis, jardim na frente, e galinhas no quintal e, à frente dela, a sua mulher com um vestido novo – tão linda! Começou a correr e enquanto corria pensava: "Finalmente nosso sonho se realizou! Encontramos a felicidade!"
            Foi um abraço maravilhoso. Ela ria de felicidade. Mas não estava entendendo nada. Queria explicações. E ele então lhe contou do peixe mágico. "Ele me disse que eu poderia pedir o que quisesse. E eu então me lembrei do nosso sonho…" Houve um momento de silêncio. O rosto da mulher se alterou. Cessou o riso. Ficou séria. Ela olhou para o marido e, pela primeira vez, ele lhe pareceu imensamente tolo: "Você poderia ter pedido o que quisesse? E por que não pediu uma casa maior, mais bonita, com varanda, três quartos e dois banheiros? Volte. Chame o peixe. Diga-lhe que você mudou de idéia."
             O marido sentiu a repreensão e sentiu-se envergonhado. Obedeceu. Voltou. O mar já não estava tão calmo, tão azul. Soprava um vento mais forte. Gritou: "Peixe encantado, de escamas de prata e barbatanas de ouro!" O peixe apareceu e lhe perguntou: "O que é que você deseja?" O pescador respondeu "Minha mulher me disse que eu deveria ter pedido uma casa maior, com varanda, três quartos e dois banheiros!" O peixe lhe disse: "Pode ir. O desejo dela já foi atendido." De longe o pescador viu a casa nova, grande, do jeito mesmo como a mulher pedira.
             "Agora ela está feliz," ele pensou. Mas ao chegar à casa o que ele viu não foi um rosto sorridente. Foi um rosto transtornado. "Tolo, mil vezes tolo! De que me vale essa casa nesse lugar ermo, onde ninguém a vê? O que eu desejo é um palacete num condomínio elegante, com dois andares, muitos banheiros, escadarias de mármore, fontes, piscina, jardins. Volte! Diga ao peixe desse novo desejo!"
            O pescador, obediente, voltou. O mar estava cinzento e agitado. Gritou: "Peixe encantado, de escamas de prata e barbatanas de ouro!" O peixe apareceu e lhe perguntou: "O que é que você deseja?" O pescador respondeu "Minha mulher me disse que eu deveria ter pedido um palacete num condomínio elegante…" Antes que ele terminasse o peixe disse: "Pode voltar. O desejo dela já está satisfeito."
            Depois de muito andar – agora ele já não morava perto da praia - chegou à cidade e viu, num condomínio rico, um palacete tal e qual aquele que sua mulher desejava. "Que bom," ele pensou. "Agora, com seu desejo satisfeito, ela deve estar feliz, mexendo nas coisas da casa." Mas ela não estava mexendo nas coisas da casa. Estava na janela. Olhava o palacete vizinho, muito maior e mais bonito que o seu, do homem mais rico da cidade. O seu rosto estava transtornado de raiva, os seus olhos injetados de inveja.
            "Homem, o peixe disse que você poderia pedir o que quisesse. Volte. Diga-lhe que eu desejo um palácio de rainha, com salões de baile, salões de banquete, parques, lagos, cavalariças, criados, capela."
            O marido obedeceu. Voltou. O vento soprava sinistro sobre o mar cor de chumbo. "Peixe encantado, de escamas de prata e barbatanas de ouro!" O peixe apareceu e lhe perguntou: "O que é que você deseja?" O pescador respondeu "Minha mulher me disse que eu deveria ter pedido um palácio com salões de baile, de banquete, parques, lagos…" - "Volte!," disse o peixe antes que ele terminasse. "O desejo de sua mulher já está satisfeito."
             Era magnífico o palácio. Mais bonito do que tudo aquilo que ele jamais imaginara. Torres, bosques, gramados, jardins, lagos, fontes, criados, cavalos, cães de raça, salões ricamente decorados… Ele pensou: "Agora ela tem de estar satisfeita. Ela não pode pedir nada mais rico."
             O céu estava coberto de nuvens e chovia. A mulher, de uma das janelas, observava o reino vizinho, ao longe. Lá o céu estava azul e o sol brilhava. As pessoas passeavam alegremente pelo campo.
"De que me serve este palácio se não posso gozá-lo por causa da chuva? Volte, diga ao peixe que eu quero ter o poder dos deuses para decretar que haja sol ou haja chuva!"
               O homem, amedrontado, voltou. O mar estava furioso. Suas ondas se espatifavam no rochedo. "Peixe encantado, de escamas de prata e barbatanas de ouro!" – ele gritou. O peixe apareceu. "Que é que sua mulher deseja?," ele perguntou. O pescador respondeu: "Ela deseja ter o poder para decretar que haja sol ou haja chuva!"
              O peixe falou suavemente. "O que vocês desejavam era felicidade, não era?" - "Sim," respondeu o pescador. "A felicidade é o que nós dois desejamos." - " Pois eu vou lhes dar a felicidade!" O pescador riu de alegria. "Volte," disse o peixe. "Vá ao lugar da sua primeira casa. Lá você encontrará a felicidade…" E com estas palavras desapareceu.
              O pescador voltou. De longe ele viu a sua casinha antiga, a mesma casinha de pau-a-pique coberta de folhas de coqueiro. Viu sua mulher com o mesmo vestido velho. Ela colhia verduras na horta. Quando ela o viu veio correndo ao seu encontro. "Que bom que você voltou mais cedo," ela disse com um sorriso. "Sabe? Vou fazer uma salada e sopa de ostras, daquelas que você gosta. E enquanto comemos, vamos falar sobre a casinha branca com janelas azuis…E depois vamos dormir abraçados" .
             Ditas essas palavras ela segurou a mão do pescador enquanto caminhavam, e foram felizes para sempre.
 (Irmãos Grimm)

A rainha das abelhas




            Certa vez, dois filhos de rei saíram em busca de aventuras e se entregaram a uma vida tão desregrada e dissoluta que nem se lembravam de voltar para casa. O mais moço, que era chamado de Bobo, saiu à procura de seus irmãos; quando finalmente os achou, só ouviu caçoadas, porque, sendo tão ingênuo, pensava em vencer na vida, enquanto eles, muito mais espertos, não tinham conseguido.
             Os três puseram-se a caminho juntos e chegaram a um formigueiro. Os dois mais velhos quiseram remexer nele para ver as formigas fugirem alvoroçadas carregando os próprios ovos, mas o Bobo lhes disse:
             - Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que vocês lhes façam mal.
             Então eles continuaram andando e chegaram a um lago onde nadavam muitos, muitos patos. Os dois irmãos queriam pegar alguns para assar, mas o Bobo não consentiu e disse:
             - Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que eles sejam mortos.
             Por fim, chegaram a uma colméia, onde havia tanto mel que escorria pelo tronco da árvore. Os dois quiseram acender fogo embaixo para sufocar as abelhas e poder tirar o mel. O Bobo tornou a impedir, dizendo:
            - Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que eles sejam queimados.               Afinal, os três irmãos chegaram a um castelo. Nas cavalariças havia cavalos de pedra, e não aparecia pessoa alguma. Eles passaram por todas as salas até que, no fim, encontraram uma porta com três fechaduras. No meio da porta havia, porém, um buraquinho por onde se podia espiar o aposento. Viram lá dentro um homenzinho grisalho, sentado diante de uma mesa. Eles o chamaram uma, duas vezes, mas o homenzinho não ouviu. Quando o chamaram pela terceira vez, ele se levantou, abriu as fechaduras e saiu. Não disse uma palavra, mas os levou a uma mesa ricamente preparada. Tendo os três comido e bebido, ele conduziu cada um a seu quarto de dormir.
               Na manhã seguinte, o homenzinho grisalho chegou-se para o mais velho, acenou chamando-o e o guiou até uma placa, onde estavam escritas três tarefas que   poderiam desencantar o castelo. A primeira dizia que no bosque, debaixo do musgo, estavam as pérolas da filha do rei, em número de mil, que precisariam ser catadas; e, ao pôr-do-sol, se ainda faltasse só uma, a pessoa que as procurava se transformaria em pedra. O mais velho foi e procurou o dia inteiro. Como, porém, o dia chegou ao fim e ele tinha achado só cem pérolas, aconteceu o que estava escrito na placa, e ele se transformou em pedra. No outro dia, o segundo irmão assumiu a tarefa, mas não se saiu melhor que o mais velho, pois só achou duzentas pérolas e ficou transformado em pedra. Por fim chegou a vez do Bobo, que procurou no musgo; mas era tão difícil encontrar as pérolas e demorava tanto, que ele se sentou numa pedra e chorou. Nisto, apareceu o rei das formigas, cuja vida ele salvara. Vinha acompanhado de cinco mil formigas. Não demorou muito, e os bichinhos acharam todas as pérolas e as amontoaram ali. Mas a segunda tarefa era ir pegar, no fundo do lago, a chave do quarto da filha do rei. Quando o Bobo chegou ao lago, vieram nadando os patos que ele uma vez salvara, mergulharam e pegaram a chave lá no fundo. A terceira tarefa era a mais difícil, pois das três filhas de rei que estavam dormindo ele devia escolher a melhor. Elas eram, porém, completamente iguais, não tendo nada que as distinguisse uma da outra, a não ser por terem comido, antes de dormir, três doces diferentes: a mais velha, um torrão de açúcar; a segunda, um pouco de melado; a mais moça, uma colherada de mel. Então chegou a rainha das abelhas, que o Bobo havia protegido do fogo, e foi provando da boca de todas três; por fim ficou pousada na boca da que havia comido mel, e assim o Bobo reconheceu qual era a filha de rei certa. Com isso, o feitiço se desfez, tudo no castelo despertou daquele sono, e quem tinha virado pedra retomou sua forma. O Bobo se casou com a mais jovem e melhor filha do rei e, depois que o pai dela morreu, ele ficou sendo o rei; seus irmãos, porém, casaram-se com as outras duas irmãs.


 (Irmãos Grimm)

Romantismo 3ª fase - poesia e Romantismo - prosa

Romantismo 3ª fase

Na Europa, o contexto histórico do Romantismo é a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, que marcam o fim do Absolutismo. A tela abaixo, de Delacroix, um dos maiores representantes da pintura romântica, foi inspirada nas barricadas de Paris.
A Liberdade Guiando o Povo (1830) (Foto: Pintura: Eugène Delacroix/Reprodução)A Liberdade Guiando o Povo (1830) (Foto: Pintura: Eugène Delacroix/Reprodução)
As palavras de Vitor Hugo, o maior escritor do Romantismo francês, resumem bem a ideologia romântica:

“A liberdade literária é filha da liberdade política. Eis-nos libertos da velha forma social; e como não nos libertaríamos da velha forma poética? A um novo povo, uma nova arte.” 
Como podemos ver, o Romantismo tem duas facetas: uma que se volta para o indivíduo, com seus dilemas e conflitos existenciais, e outra que se volta para a sociedade, com suas injustiças e desejos de mudança. 
Porém, no Brasil, essa faceta social do Romantismo só vai se manifestar na terceira fase do movimento.

3ª GERAÇÃO ROMÂNTICA - POESIA SOCIAL

No Brasil, a primeira fase do movimento romântico tem como pano de fundo o processo de Independência. Por isso, os escritores desse período estão preocupados com a construção da identidade nacional. Depois, na segunda fase, os escritores deixam de lado o discurso nacionalista e se voltam para as profundezas do indivíduo.  
Mas, na terceira fase do movimento romântico, o Brasil já se encontra em outro contexto social e histórico. É o momento em que os republicanos querem acabar com a monarquia e o movimento abolicionista ganha força entre os intelectuais. Por isso, a terceira fase do Romantismo também é conhecida como geração condoreira, pois o condor é uma ave que, voando muito alto, representa o desejo de renovação da sociedade brasileira. 
        Na verdade, a terceira geração romântica questiona a ideologia da primeira geração. É que os escritores da primeira fase do nosso Romantismo, como José de Alencar, representam o povo brasileiro como resultado da união de duas etnias: o branco europeu e o índio – mas deixa o negro de fora desse projeto nacionalista-literário. Afinal, numa sociedade escravocrata, transformar o negro em herói seria uma grande contradição.Logo, podemos pensar que a terceira geração, ao recuperar o negro como personagem da nossa cultura, possibilita uma resposta a essa lacuna.

CASTRO ALVES (1847 -1871)

           O maior representante da terceira geração do Romantismo no Brasil é o poeta baiano Castro Alves, diretamente envolvido na campanha abolicionista, um dos temas centrais de sua obra, o que lhe rendeu o título de “Poeta dos Escravos”. Como o objetivo é sensibilizar os outros sobre as questões sociais de seu tempo, a poesia de Castro Alves foi feita para ser recitada para grandes públicos, por isso adota um estilo condoreiro, de vocabulário pomposo e tom grandiloquente. 
Já falta bem pouco. Sacode a cadeia
Que chamam riquezas...que nódoas te são!
Não manches a folha de tua epopeia
No sangue o escavo, no imundo balcão
.
         Nesses versos, do poema América, perceba que o eu lírico continua exaltando a pátria, como faziam os escritores da primeira geração. Porém, o ele também faz uma crítica à escravidão, entendida como uma “mancha” na história do Brasil.
          A obra de Castro Alves não se limita apenas à questão do negro no Brasil. Também merece destaque sua lírica amorosa, em que aborda o amor de uma maneira diferente dos seus contemporâneos.
Fonte: http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/romantismo-terceira-geracao.html

José de Alencar 

  • Romances Urbanos: "Cinco Minutos" (1860), "Lucíola" (1862), "A Pata da Gazela" (1870), "Sonhos d'Ouro" (1872) e "Senhora" (1875);
Romances regionalistas: "O Gaúcho" (1870), "O Tronco do Ipê", "Til" e "O Sertanejo";
  • Romances históricos: "As Minas de Prata" (1862) e "A Guerra dos Mascates" (1873).

    Cabe agora fazer uma breve apreciação de cada uma dessas categorias, seguindo a ordem acima exposta.

    Romances indianistas Afirmar a identidade brasileira, significava em primeiro lugar valorizar nossos traços autóctones, isto é, aqueles que aqui já existiam antes da chegada dos colonizadores. O índio é quem irá representar esse papel, de vez que ele é o homem da terra brasileira em estado puro. Assim, o índio assumirá o papel de herói de símbolo da raça, papel que nos dias de hoje têm sido assumido principalmente por jogadores de futebol e atletas de um modo geral.
    Nesse sentido, destaca-se Peri, o personagem principal de "O Guarani", romance em que Alencar, de modo épico, faz uma alegoria das origens do Brasil. Peri tem todas as características heroicas que você possa imaginar: ele surge no romance caçando, "no braço", uma onça. Logo mais, ele descobre as maquinações que o vilão, Loredano, trama contra seu senhor, dom Antonio de Mariz, e trata de frustrar seus planos. Além disso, nutre pela filha de dom Antônio, a jovem Ceci, o mais puro e dedicado dos amores. Esse par amoroso Peri-Ceci tem características de um simbolismo evidente: da união do índio com o branco é que se origina o "mestiço" brasileiro.
    "O Guarani" é "a epopeia da formação da nacionalidade". Esse caráter nacionalista e grandioso levou-o a ser adaptado para o canto lírico, dando origem à ópera de mesmo nome, composta por seu contemporâneo Carlos Gomes, bem como a algumas adaptações cinematográficas, das quais a mais recente data de 1988, dirigida pela atriz e diretora Norma Bengell e não faz jus à obra de Alencar. No entanto, vale destacar também "Iracema" que também apresenta uma alegoria do surgimento do homem brasileiro, a partir da união da índia Iracema e do colonizador Martim, porém de modo lírico e poético.
    Romances urbanos Nessas obras, Alencar se dedica a traçar um painel da vida na Corte, ou seja, a cidade do Rio de Janeiro, sede da monarquia brasileira. Os enredos basicamente tratam de aventuras amorosas e procuram traçar os perfis das mulheres que os protagonizam. Nesse sentido, Alencar avança numa característica que se tornará importante ao gênero romance: a observação psicológica das personagens. Ao mesmo tempo, faz crítica de costumes sociais de sua época.
    Esse é particularmente o caso de "Senhora", em que o autor faz uma crítica ao casamento por interesse e ao arrivismo social, narrando a história de Fernando Seixas que é "comprado" para ser marido de Aurélia Camargo. Aurélia havia herdado uma providencial fortuna com a qual se vinga de Fernando, que a desprezou quando ela era pobre. Como se vê, contudo, trata-se de questões superficiais. Alencar não consegue perceber nem tematizar as grandes mazelas da sociedade brasileira de seu tempo. Por outro lado, sua literatura urbana abriu caminho para o surgimento de uma obra genial como a de Machado de Assis.
    Romances regionalistas O maior mérito de Alencar, aqui, é o de ter inaugurado um caminho que se revelaria muito proveitoso para a literatura brasileira. Ao colocar o foco sobre as realidades regionais do Brasil - no Rio Grande do Sul, em "O Gaúcho"; no interior de São Paulo, em "O Tronco de Ipê", no Nordeste em "O Sertanejo" -, Alencar logo conquista seguidores, que também fariam literatura regionalista, como o Visconde de Taunay e Bernardo Guimarães, ainda no século 19.
    Contudo, é no século 20 que o regionalismo vai se manifestar com grande vigor na literatura brasileira, gerando grandes autores a partir da década de 30. São muitos os autores regionalistas que podemos destacar e que produziram obras-primas para a literatura brasileira de um modo geral. Entre eles, é impossível deixar de citar José Lins do RegoGraciliano RamosJorge AmadoÉrico Veríssimo e João Guimarães Rosa.

    Romances históricos O romance histórico é um subgênero do romance que não deu muito certo no Brasil, mas não se pode acusar Alencar por isso. Em seus romances dessa categoria, ele procurou mostrar que o Brasil independente tinha raízes na Colônia. De resto, convém lembrar que se debruçar sobre o passado "brasileiro" propriamente dito seria se debruçar sobre o Brasil pré-cabralino e aí entramos na seara do romance indianista. O romance histórico faz mais sentido na Europa onde as tradições medievais de cada nação forneciam matéria narrativa e efetivamente refletiam as origens de cada país.
site: http://educacao.uol.com.br/  Por Antonio Carlos Olivieri, Da Página 3 Pedagogia & Comunicação é escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação.
O gênero picaresco:    Memórias de um sargento de mílicias- Manuel Antônio de AlmeidaO gênero picaresco, na literatura, é caracterizado pela narrativa de um pícaro, sinônimo para malandro. O personagem é, geralmente, um garoto inocente e puro que é corrompido e desiludido à medida em que cresce e toma contato com a realidade do mundo adulto. Nas suas origens espanholas e medievais, o personagem sempre termina desiludido e adaptado às condições de um mundo na miséria ou em um casamento que não lhe proporciona nenhum tipo de prazer. No entanto, no romance brasileiro o "pícaro" Leonardinho difere um pouco do espanhol por não ser um personagem tão inocente e por terminar feliz em sua vida adulta e em seu casamento.Se há tantas rupturas, o que faz de Manoel Antônio de Almeida um escritor do romantismo brasileiro? Embora haja muitas convenções do romance romântico em sua obra, tais como o tom irônico e satírico do narrador, o estilo frouxo, a linguagem descuidada e o final feliz do romance, o livro inova por envolve personagens das classes mais baixas da sociedade, o clero e a milícia além de não idealizar seus personagens.O compadre quer ver Leonardinho instruído pois quer vê-lo como padre ou formado em Direito, diferentemente do romance pícaro original, em que os protagonistas precisam fazer trabalhos manuais (geralmente nas posições mais baixas como criado ou ajudante de cozinheiro) para garantir seu sustento. Além disso, ao final do romance, ele casa com seu amor e recebe "cinco heranças" sem precisar trabalhar para isso. O que faz de Leonardinho um pícaro com características à parte e o transforma em mais um tipo brasileiro.O romance é considerado por alguns teóricos como o primeiro romance realmente de costumes brasileiro por retratar a sociedade em toda a sua simplicidade e Manoel Antonio de Almeida é por vezes considerado um autor de transição entre o Romantismo e o período seguinte, o Realismo. Além disso, o autor traz para o enredo elementos que até então não eram retratados pelos romancistas, como acampamentos de ciganos e bares frequentados pelas camadas sociais mais baixas.

Memórias de um Sargento de Milícias (1852)

Publicado em formato de folhetim, o romance narra a história de Leonardinho, filho dos portugueses Leonardo Pataca e Maria-da-Hortaliça que chegam ao Rio de Janeiro. Na viagem em direção ao Brasil, Leonardo dá uma pisadela em Maria, que retruca com um beliscão. "Nove meses depois, filho de uma pisadela e um beliscão, nascia Leonardo." Porém, abandonado pelos pais, acaba sendo criado pelo compadre barbeiro. Largado à vagabundagem, o personagem é o protótipo do malandro brasileiro.

Realismo\ Naturalismo- Aluisio de Azevedo e Machado de Assis

Machado de Assis:  

          Na década de 1870, Machado publicou os poemas "Falenas" e "Americanas"; além dos "Contos Fluminenses" e "Histórias da meia-noite". O público e a crítica consagraram seus méritos de escritor. Publicou os romances: "Ressurreição" (1872); "A Mão e a Luva" (1874); "Helena" (1876); "Iaiá Garcia" (1878). Essas obras ainda estão ligadas à literatura romântica e formam a chamada primeira fase de Machado de Assis. (1ª fase)
           Na década de 1880, a obra de Machado de Assis sofreu uma verdadeira revolução, em termos de estilo e de conteúdo, inaugura a 2ª fase do autor com obras  do Realismo na literatura brasileira. Os romances "Memórias póstumas de Brás Cubas" (1881); (Livro que inaugura o Realismo no Brasil,) "Quincas Borba" (1891); "Dom Casmurro" (1899) e os contos "Papéis avulsos" (1882); "Histórias sem data" (1884), "Várias histórias" (1896) e "Páginas recolhidas" (1899), entre outros, revelam o autor em sua plenitude. O espírito crítico, a grande ironia, o pessimismo e uma profunda reflexão sobre a sociedade brasileira são as suas marcas mais características. 
          A obra de Machado abordava com frequência temas como: o adultério, a ganância, a falsidade, a traição entre amigos e as mais diversas mentiras do ser humano

Aluísio Azevedo

[creditofoto]           Como um jornalista, Aluísio Azevedo ia aos locais onde pretendia ambientar seus romances, conversava com as pessoas que inspirariam suas personagens, misturava-se a elas. Procurava assim reproduzir o mais fielmente possível a realidade que retratava. Além disso, desenhista habilidoso, às vezes, desenhava suas personagens em papel cartão, recortava-as e as colocava em ação, num teatro para si mesmo, de modo a visualizar as cenas que iria narrar.
          Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo foi um crítico impiedoso da sociedade brasileira e de suas instituições. Abandonou as tendências românticas em que se formara, para tornar-se o criador do naturalismo no Brasil, influenciado por Eça de Queirós e Émile Zola. Seus temas prediletos, focados na realidade cotidiana, foram o anticlericalismo, a luta contra o preconceito de cor, o adultério, os vícios e a vida do povo humilde.
          A partir da publicação de seu primeiro romance, Uma lágrima de mulher (1880), em estilo romântico e extremamente sentimental, viveu durante 15 anos do que ganhava como escritor. Por isso, sua obra pode ser dividida em duas partes: a primeira, romântica, escrita para agradar o público e vender bem, de modo a garantir-lhe a sobrevivência. A segunda, naturalista, para expressar sua visão de mundo e as mazelas do Brasil. Foi esta que lhe deu destaque na história da literatura brasileira.
           É o caso de O mulato, publicado em 1881, no auge da campanha abolicionista, que provocou um grande escândalo. O autor tentava analisar a posição do mestiço na sociedade maranhense de seu tempo e atacou o preconceito racial. Até 1895 escreveu 19 trabalhos, entre romances e peças teatrais. Continuou colaborando em jornais e revistas, com caricaturas, contos, críticas e novelas. Ele próprio tentou lançar em São Luís um periódico anticlerical intitulado O Pensador, no mesmo ano de publicação de O mulato. A reação hostil da sociedade provinciana e do clero fez com que voltasse definitivamente para o Rio de Janeiro.

Resumo Básico - 2º ano - Realismo e Naturalismo



Realismo e naturalismo : os mesmos princípios científicos, filosóficos e artísticos.O naturalismo diferencia-se do Realismo por uma assimilação mais intensa das teorias científicas que vigiam na época –principalmente a tese determinista- e por uma interpretação mais radical da necessidade de se fazer da obra artística um instrumento de denúncia social.

EXPLORANDO MAIS SUAS CARACTERÍSTICAS...


No realismo os temas abordados são estritamente ligados a problemáticas reais, sociais e concretas. Por exemplo: as ideias relativas da religião são ignoradas, questiona-se a capacidade do casamento em promover a felicidade , o próprio amor tem caráter utilitário movido por algum tipo de interesse que não tem a ver com a manifestação espontânea que em principio caracteriza esse sentimento. A frase do personagem Quincas Borba de Assis resume esse aspecto “Ao vencedor as batatas!”(materialismo)
No naturalismo os pequenos casos cotidianos, questões de ordem pessoal, familiar, de relacionamento pessoal ganham destaque. Para o naturalista o homem é um animal, presa do seu destino e predestinado a agir no contexto social em que vive.Sua maneira de agir é determinada pelo meio social e por sua hereditariedade, o significado disso é que o individuo não tem livre-arbítrio, domínio ou controle sobre suas vontades que lhe permitisse mudar por isso são comuns as taras, anomalias e as bestialidades praticadas pelo gênero humano.